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“Ter atitude de dono do negócio faz diferença na carreira”, diz CFO da Via Varejo

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O executivo Felipe Negrão foi o convidado do programa de Mentoring do IBEF Jovem realizado em 12 de julho. Além de discorrer sobre a sua carreira, o CFO da Via Varejo contou sobre suas experiências em grandes universidades americanas e também falou que a ética e o comprometimento com a empresa são essenciais em um profissional. “Ter uma atitude de dono do negócio é um fator decisivo na definição em uma promoção”.

Negrão já trabalhou na área de investimento do Banco Bradesco, na consultoria Finenge, na Corporação Interamericana de Investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, na consultoria A.T. Kearney, na Medial Saúde, na consultoria Bain & Company e no Ibmec. Desde 2013, está na Via Varejo, que congrega as Casas Bahia e o Ponto Frio.

O executivo é bacharel em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, conta com MBA pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e, recentemente, cursou um Programa de Gerenciamento Avançado na Harvard Business School.

Ampliando capacidades – Filho de uma professora de matemática, Negrão sempre tirou nota máxima nessa disciplina e queria desenvolver-se em outras áreas do conhecimento. Por isso, optou pelo curso de administração de empresas na FGV. Seu primeiro trabalho foi o estágio na Empresa Júnior da instituição. Depois foi trabalhar no Bradesco. Naquela época, o banco era sócio de grandes empresas que foram privatizadas e ele participava de reuniões da alta cúpula e chegou a votar em nome do Bradesco em algumas ocasiões.

Na sequência, o executivo foi para consultoria Finenge. “Trabalhei muito tempo no exterior. Fiquei muito tempo nos Estados Unidos e também trabalhei na Alemanha, África do Sul, Turquia e Filipinas, entre outros países. Foi quando o meu inglês melhorou”.

MIT – Aos 26 anos, Negrão planejava trabalhar em uma empresa maior, mas não apareceram muitas oportunidades. Foi quando ele decidiu deixar a empresa e fazer um MBA no exterior. Tentou na Universidade de Chicago e no MIT, mas ambas instituições sugeriram esperar mais um ano em função da idade. No ano seguinte, quando estava com 27 anos, conseguiu entrar.

Embora a empresa tenha oferecido um MBA, ele preferiu fazer um empréstimo para pagar o curso. “Apesar do valor bem elevado, especialmente em função do câmbio, quando vamos patrocinados por uma empresa, ficamos muito presos. Preferi um financiamento para depois decidir por uma boa oferta”, afirma o executivo, que brinca ao dizer que assistiu muitas palestras no MIT não apenas para adquirir conhecimento, mas também para almoçar sem custo, já que naquela época tinha uma restrição orçamentária bem grande.

Negrão queria trabalhar no BID e conseguiu um summer job na instituição logo que chegou. “Morei dois anos no Campus do MIT. Era quase um confinamento como o Big Brother. Precisava estudar muito. Eu, como era bom em matemática, tirei 93% na primeira prova, de Data, Models and Decisions, que apesar de ser uma nota alta, era considerado um B – estava na média. Foi quando percebi que deveria estudar muito mais pois no meu melhor eu estava na média da classe”.

Escolha pelo Brasil – Ao terminar o curso, apesar de ter ofertas para ficar no exterior, ele decidiu voltar para terra natal, pois, segundo ele, o mercado é menor, o que facilita o networking. “Além disso, um diploma de uma universidade internacional conceituada é diferencial no país”. Apesar de ter recebido outra proposta, voltou a ser consultor pela A.T. Kearney. Então, após dois anos, um headhunter o procurou para que ele fosse trabalhar na Medial. “Foi lá que aprendi a importância do relacionamento e alinhamento na empresa”, diz o executivo, que saiu da companhia na época em que ela foi comprada pela Amil.

Ao sair da empresa, surgiram oportunidades na A.T Kearney e na também consultoria Bain & Company. “Não queria consultoria, mas a Bain ofereceu a proposta de um projeto em Angola. Não foi fácil retornar para uma consultoria após trabalhar em empresa”, reconhece.

Então, surgiu uma oportunidade como CFO no Ibmec, que tinha como sócios Claudio Haddad, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles, Carlos Alberto Sucupira e o fundo de private equity Capital Group. Junto com os demais executivos, fizeram o turnaround do Ibmec sem abrir mão da qualidade do ensino. Após a conclusão do turnaround, os sócios majoritários colocaram o Ibmec à venda. Foi quando, em um jantar, acabou encontrando seu ex-chefe na Medial, que ofereceu uma vaga de diretor financeiro na Via Varejo.

Quando entrou na empresa, ele conseguiu negociar alguns importantes contratos, como de garantia estendida, por exemplo, e acabou se tornando um especialista em serviços financeiros, e também ganhou visibilidade para o cargo de CFO. Na posição, ele realizou a integração do negócio lojas físicas e online, tornando a empresa a varejista omnichanel líder na América Latina, com faturamento superior à soma das outras quatro maiores varejistas brasileiras.

Harvard – O executivo disse que quando passou a ocupar o cargo de CFO tinha a oportunidade de melhorar seu estilo de liderança, pois até este momento tinha como principal foco o resultado financeiro. O processo de mudança começou com o trabalho de um coach e, recentemente, no curso de sete semanas que fez na Harvard Business School.

“Eles proíbem o uso de celular e computador. Um professor fez uma atividade que consistia em explicarmos um case a um colega, mas ele não prestava atenção porque ficava grudado no celular. Desde então, mudei esse hábito. Agora dou mais atenção ao que as pessoas falam e não uso mais o computador durante as reuniões. Estou mais presente, com foco total na atividade que estou realizando no momento, e as pessoas perceberam muito a mudança”, explica o executivo.

O fato é que a intensidade do curso nem permitiria que as pessoas ficassem conectadas com o mundo. Segundo Negrão, os alunos estudam 16 cases por semana, envolvendo diferentes áreas de uma empresa, como marketing, finanças, liderança, negociação e transformação digital, por exemplo. A imersão acontece o dia inteiro de segunda à sábado e, em muitas ocasiões, conta com a presença dos protagonistas dos casos estudados.

Com a experiência em Harvard, o executivo também passou a dar importância aos princípios organizacionais (missão, visão e valores). “O valor faz toda a diferença. Uma enfermeira não dá apenas remédios. Ela salva vidas”.

Inovação e mais conselhos – Nessa temporada em Harvard, Negrão aproveitou para visitar o MIT Media Lab e descobriu algumas inovações como um capacete que consegue criar uma imagem do que é pensado e uma roupa que contém bactérias que aquecem o corpo se estiver frio e ou resfria quando está muito quente. E ainda um aparelho que consegue, a partir das informações faladas pelo emissor, realizar uma pesquisa no Google e por meio de vibrações (sem áudio) fazer com que o receptor ouça informações que podem ser úteis na conversa. “O fato é que o mundo está mudando muito rápido. E qualquer empresa pode desaparecer a depender das novas tecnologias”.

Por isso, o executivo aconselha que os ibefianos busquem trabalhar em empresas com capacidade de se transformar o tempo inteiro. Além disso, Negrão recomenda que os profissionais criem o hábito de pedir e ouvir feedback. “Sempre há algo a melhorar”, assinala.

IBEF Jovem – O IBEF-SP promove encontros de Mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. O IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com

 
(Reportagem: Renata Passos)

 

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