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Tecnologia, inflação, taxa de juros e crise hídrica são desafios para empresas, ressaltam CFOs

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Executivos das maiores empresas do País se reuniram em evento virtual do IBEF-SP para discutir e compartilhar experiências e tendências do mercado brasileiro para 2022 

Patrocinada por PwC e SAP, a reunião da Diretoria Vogal’ realizada no último dia 24 de setembro contou com a participação de executivos de variados setores econômicos que compartilharam suas percepções sobre os próximos meses de 2021 e perspectivas para 2022.  

Novos membros – Luciana Medeiros, presidente da Diretoria Executiva do IBEF-SP, iniciou o evento dando as boas-vindas a João Ribeiro, vice-presidente e CFO da Dell, que participou do evento e passou a integrar a Diretoria Executiva do Instituto. “Será um prazer ter o João conosco na diretoria executiva, nos ajudando, mais um braço importante pensando diferente no nosso IBEF-SP.” 

Luis Carlos Cerresi, CFO Latin America na Nutrien Ag Solutions, por sua vez, deu as boas-vindas aos novos integrantes da Diretoria Vogal: Bernarda Briceño, CFO da Sodexo Benefícios; Priscila Grecco Toledo, CFO da Itaúsa; Priscila Costa, CFO da Livelo Brasil; e Sérgio Rodrigues, CFO da Atento. “Estamos muito felizes com a movimentação que estamos fazendo na Diretoria Vogal. Sempre temos condições de anunciar novos membros”, destacou Cerresi. 

Transformação digital – Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil, destacou a importância das reuniões da Diretoria Vogal para “aprender, trocar e compartilhar” experiências e informações com outros grandes executivos. Segundo Adriana Aroulho, presidente da SAP, essa comunidade é muito poderosa para pensar juntos a transformação digital do papel dos CFOs. “A ideia é provocar reflexões, aprender um com outro e somar forças. É um prazer enorme promover esse encontro”, afirmou a executiva.  

Ambos salientaram que a PwC e a SAP têm trabalhado em diversos projetos e têm reforçado essa parceria de longa data. “A tecnologia é um dos pilares fundamentais da PwC na nossa estratégia 2030 e essa aliança representa essa relevância que busca, junto com a SAP, entregar o melhor para o mercado”, destacou Castro.  

Cláudio Machado, diretor de management consulting da PwC, e Eduardo Ebel, sócio de tecnologia da PwC, compartilharam insights sobre os ganhos de eficiência na função de finanças frente às atuais mudanças nas relações de trabalho. De acordo com resultados do relatório PwC ¨CFO Pulse¨ de agosto deste ano, os CFOs estão prontos para impulsionar seus negócios a serem mais competitivos, pois sabem que a organização precisa ser diferente amanhã do que é hoje, reconhecendo a dependência das pessoas e da tecnologia.  

Segundo Machado, “a tecnologia será um agente fundamental nessa mudança. Estudos recentes revelaram que o modelo híbrido de trabalho não será uma barreira para essa transformação das empresas, desde que essa mudança seja devidamente suportada pelas tecnologias disponíveis”. Na visão de Ebel, as ferramentas e plataformas digitais viabilizarão a atuação da função de Finanças como um parceiro de negócios mais eficiente, sendo o ERP na nuvem um facilitador para que as Finanças entreguem um valor estratégico à organização.  

Alimentos – Como destacado pela PwC, Flávia Schlesinger, vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF-SP e CFO da PepsiCo Brasil, também apontou a necessidade de ferramentas que tragam agilidade para as organizações. “Temos a necessidade de aceleração de transformação digital e de inovação muito mais rápida do que durante a pandemia, porque precisaremos nos adaptar às mudanças pós-vacina e pós-retomada da atividade econômica” explicou.  

Destacou que o setor de alimentos, assim como o da construção civil, sofreu uma aceleração por conta da mudança de hábitos de consumo dos brasileiros. Todavia, ressaltou que a inflação de 20% em commodities afetou os negócios da empresa, que prevê um cenário similar para 2022, além da incerteza relacionada às eleições. Outra questão monitorada, segundo Flávia, é a mudança no comportamento de consumo que pode ser afetada pela retomada da normalidade e pela alta da taxa básica de juros (Selic). “Temos feito rodadas com economistas para tentar entender como podemos mitigar os riscos para 2022. Esses são pontos supercríticos que estamos antecipando para o próximo ano”, concluiu. 

Infraestrutura – Ressoando as impressões de Flávia, Waldo Perez, CFO and Investor Relations Officer do Grupo CCR, informou que hoje “a preocupação principal é a inflação, pois ela impacta significativamente no aumento real significativo das commodities e da Selic, que impacta nas dívidas de longo prazo”. Alertou ainda sobre alguns desafios do setor como a presença de um forte marco regulatório. Apesar das preocupações e da pandemia ter retardado muitas oportunidades no mercado de infraestrutura, o CFO disse a agenda atual é muito positiva, com muitas movimentações em todos os modais onde o Grupo CCR atua (rodovias, aeroportos e mobilidade urbana), e também com novas e relevantes oportunidades em saneamento, setor no qual o Grupo CCR não atua.

Energia elétrica – A CFO da Evoltz, Denise Francisco, disse que o segmento de transmissão de energia elétrica se encontra diante de um cenário mais favorável que outros setores de infraestrutura, pois é pautado por projetos de longo prazo. Destacou que, diversamente da geração e da distribuição, a transmissão é remunerada por disponibilidade de energia, com uma receita indexada à inflação, o que possibilita um fluxo de caixa mais estável, uma boa alavancagem e remuneração para o acionista, gozando ainda de uma baixa inadimplência, em torno de 0,13%.  

Para os próximos 10 anos, Denise informou estarem previstos R$ 70 bilhões em leilões no setor, o que trará grandes oportunidades de negócios e sinergias, mas também muita competitividade. Se de um lado o cenário é positivo, a CFO destacou que as novas obras demandam financiamentos, investimentos e o desafio ambiental para obtenção dos licenciamentos. “Para enfrentar esses desafios, precisamos de bons parceiros, boas empresas de engenharia, boas construtoras para que tenhamos os projetos acelerados”. 

Com relação à distribuição e geração de energia, Aurélio Oliveira, CFO da Enel Américas, afirmou que o Brasil enfrenta dificuldades no sistema hidrológico, impactando especialmente a distribuição. Essa situação tem demandado investimentos em working capital que poderiam – e deveriam – ser direcionados para melhoria de redes, e outras frentes. Com relação ao consumo, os incentivos a sua redução e as bandeiras tarifárias mais caras tendem a reduzir a demanda de energia e aumentar a inadimplência. “Fundamental para nossa estratégia é aumentar a geração em renováveis no Brasil. Nossa contribuição para solucionar a crise é investir em renováveis”, completou. 

Materiais construção – Estreando na Diretoria Vogal, Priscila Grecco Toledo, CFO da Itaúsa, compartilhou suas perspectivas sob a ótica da controlada Dexco, a maior produtora de painéis de madeira do Hemisfério Sul que se posiciona entre as líderes do mercado nacional em louças e metais sanitários, pisos laminados e no segmento de revestimento do país. Priscila informou que a empresa vem apresentando resultados recordes, operando no limite da capacidade em todas as suas áreas e com índices de crescimento atingindo 570% referentes ao lucro líquido. A indústria dos painéis de madeira segue aquecida, tendo crescido mais de 20% no primeiro e 60% no segundo trimestre, enquanto os revestimentos cerâmicos apresentaram alta de 40% no primeiro semestre.  

O segundo semestre deste ano é visto com otimismo, dada a tendência de crescimento e a “expectativa do mercado para o setor de materiais de construção é que 2021 deve ser o melhor ano da última década”. Em 2022, as atividades devem seguir aquecidas, tendo a Dexco previsão de investir R$ 1,5 bilhão nos próximos anos “direcionados para o aumento da capacidade de produção, a modernização das plantas e a diferenciação do mix de produtos. Eu diria que o setor e a companhia têm um momento bem positivo”, completou Priscila. 

Entre os desafios para o futuro, similarmente aos demais palestrantes, a CFO apontou a inflação e a alta na taxa de juros que podem acarretar encarecimento do crédito e desaquecimento do setor imobiliário, além de questões relacionadas ao aumento do custo de matérias-primas e à desvalorização do real. 

Serviços – O segundo estreante na reunião da Diretoria Vogal foi Sergio Rodrigues, diretor corporativo de finanças da Atento, empresa de serviços de gestão de relacionamento com clientes e terceirização de processos de negócios (CRM/BPO) e um dos cinco maiores provedores mundiais. O executivo destacou que a pandemia acarretou uma “retração dos negócios” que obrigou a empresa a repensar sua estratégia. A solução, segundo Rodrigues, foi colocar em prática alguns planos de transformação que estavam em elaboração pela companhia e o foco agora está em crescimento acelerado, à medida que o mundo sai da pandemia e a demanda por serviços CX de alto valor está disparando.

As tendências avançam, como destacado pela PwC, no sentido do investimento em tecnologia, inovação – sendo essa inclusive uma demanda dos próprios clientes –, trabalho híbrido e cibersegurança. Para os próximos anos, o executivo prevê crescimento “tendo em vista a retomada dos nossos parceiros e dos nossos principais clientes que estão cada vez mais nos procurando buscando novos serviços e novas oportunidades”, completou. 

Seguros – Com relação ao setor de seguros, o cenário pandêmico também trouxe mudanças comportamentais por parte dos consumidores. Segundo Vinícius Cruz, CFO da Bradesco Seguros, os indivíduos estão repensando as suas prioridades e a essencialidade de determinados produtos. Se de um lado a demanda por seguros de veículos reduziu, de outro lado a conscientização da população, uma externalidade da pandemia, fez com que a demanda pela previdência complementar aumentasse.  

Pelo lado corporativo, a empresa pode notar que parceiros como os hospitais sofreram um forte impacto na demanda dos seus serviços, fato que gerou baixo fluxo de caixa e necessidade de investimentos em OPEX devido ao rearranjo das instalações. Quanto aos custos, o executivo afirmou que a letalidade e as despesas médicas tiveram impactos na sinistralidade, trazendo pressão sobre preços dos produtos de saúde. A sequelas dos eventos relacionados à COVID-19, inclusive a indivíduos assintomáticos, e o aumento da taxa de juros trazem incertezas sobre os preços futuros dos planos e seguradoras de saúde, mas a “interessante retomada atual em todas as linhas de negócio vem favorecendo muito as operações”, afirmou Vinícius.  

Na área financeira, as taxas de juro muito baixas trouxeram desafios principalmente às operações de curto prazo. “A remuneração das reservas técnicas são parte da lucratividade das operações, principalmente para aquelas de curto prazo que possuem um componente pós fixado por conta da liquidez exigida”, pontuou.  

Para 2022, Vinicius disse esperar que as medidas de combate à inflação e o aumento da taxa de juros possam permitir “um crescimento acima de 5% para, então, com a normalização das atividades e o avanço do processo de imunização, buscar a mitigação dos efeitos da pandemia e uma retomada das atividades. Estamos muito otimistas para 2022”, afirmou o CFO. 

Executive search – Na área de recrutamento, Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page, informou que o momento para os CFOs e profissionais de finanças é promissor. Existe no Brasil uma dicotomia onde é possível identificar, de um lado, níveis de desemprego que chegam a 15% e, por outro, a dificuldade das empresas com posições em aberto de encontrar profissionais devido à falta de qualificação.

“Há um descasamento de oferta e demanda no Brasil” relatou. São muito demandados profissionais dos níveis de entrada à média gerência, e os CFOs com experiência em M&A, IPO e transformação de negócio, com orientação a dados e bem-preparados em soft skills.

Prioridades dos CEOs – No encerramento do evento, e antecipando dados exclusivos da pesquisa CEO Outlook, Charles Krieck, membro do Conselho de Administração do IBEF-SP e presidente da KPMG, destacou que 82% dos mais de 50 CEOs entrevistados em julho se disseram otimistas com o futuro. Um terço afirmou esperar um crescimento entre 5 a 6% no próximo ano. Ele ressaltou a importância de economia circular e da pauta ESG, afirmando que, segundo a pesquisa, 70% dos líderes das grandes organizações se disseram dispostos a proceder ao desinvestimento de um negócio lucrativo caso esse pudesse prejudicar a reputação ou algum pilar da agenda ESG.  

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