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RPA e o futuro dos profissionais de finanças

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Por Viviane Oliveira, diretora de Data & Analytics e RPA na PwC Brasil

O mercado está em plena transformação em face dos benefícios que as novas tecnologias de Inteligência Artificial e RPA – Robotics Process Automation trazem para as organizações e seu impacto positivo em todas as indústrias. No setor automotivo, por exemplo, os carros autônomos, por meio do uso de Inteligência Artificial, trazem uma nova perspectiva sobre o futuro do segmento. Esse é também o caso do RPA, que tem trazido grandes benefícios às empresas, com níveis distintos de disrupção do ponto de vista tecnológico.

RPA – Robotics Process Automation é um conjunto de tecnologias que visa automatizar tarefas repetitivas realizadas pelo ser humano. Não tem relação direta com o conceito de “robôs” no sentido mais convencional da palavra, mas abrange um conjunto de algoritmos previamente programados para trazer mais eficiência aos processos operacionais, bem como minimizar a ocorrência de erros por manipulação indevida de informações.

Dentre suas diversas funcionalidades, é capaz de executar a inserção manual de dados em sistemas, interpretar conteúdo de imagens por meio de tecnologia OCR – Optical Character Recognition, contribuir na integração entre sistemas nas situações em que a organização não quer ou não pode destinar um elevado investimento; e buscar informações em sites da internet, para mencionar algumas. Em determinadas situações, é até mesmo capaz de tomar decisões por meio de regras previamente definidas.

Nas soluções mais avançadas, denominadas IPA – Intelligent Process Automation, possui uma capacidade cognitiva que permite que, por meio do aprendizado nas situações vivenciadas, identifique um padrão de comportamento e o replique nas situações futuras. Sob a ótica do usuário final, algumas soluções possuem, inclusive, recursos que permitem ao usuário “gravar” o passo a passo das atividades e posteriormente transcrevê-lo em linguagem de algoritmo para composição do robô.

Uma das grandes características observadas do RPA é a facilidade de implementação, pois não envolve a mobilização de uma arquitetura tecnológica em larga escala. Consequentemente, o custo de implantação não tem se tornado usualmente uma barreira de entrada. Atualmente, existem diferentes modalidades de licenciamento dos softwares de RPA entre os fornecedores da tecnologia, e possibilidade da adoção do licenciamento via SaaS -Software as a Service, onde você não precisa se preocupar com toda a infraestrutura requerida, tem o tornado altamente atrativo para as empresas.

Durante o processo de estruturação de um projeto de RPA, é importante efetuar a avaliação do retorno do investimento, considerando aspectos como: número de profissionais envolvidos, volume de atividades repetitivas, tempo total despendido com a atividade, e eventuais perdas financeiras decorrentes da execução incorreta e/ou não tempestiva (ex: multas e penalidades). É a combinação de todos esses elementos que contribuirá na estruturação de um business case robusto.

Algoritmos treinados em IA, que fazem parte de iniciativas de RPA, trabalham 24 horas por dia, não requerem elevada supervisão e podem ser dimensionados com rapidez e facilidade. Como as barreiras para a implementação são mínimas, há poucas razões para a maioria das empresas atrasar a pilotagem dessa solução de forma limitada. Na maioria dos casos, é possível ver resultados tangíveis e mensuráveis em algumas semanas ou meses.

Além disso, as empresas ganham capacidade para atuar de forma mais analítica e executar atividades antes não cogitadas pela inexistência de mão de obra disponível. Existe, hoje, uma discussão de o quanto essa nova tecnologia pode contribuir com a substituição de postos de trabalho. É claro que, inevitavelmente, alguns profissionais serão liberados das atividades operacionais, mas poderão ser realocados em atividades em que agreguem mais valor efetivo.

E o que tudo isso significa para o CFO?

Nos anos 80, os profissionais de finanças e contadores passaram pela transição para o uso de planilhas eletrônicas e software como VisiCalc e o Lotus 1-2-3, e isso representou uma verdadeira revolução na forma de atuação da área.

Na década de 90, a introdução massiva dos ERPs marcou, novamente, um momento de transformação na forma de trabalhar. Ainda hoje, muitos utilizam o ERP, exportam os dados para planilhas e fazem suas análises e tratamento, para importa-los em outros sistemas.

Em pouco tempo, esse cenário também será passado, assim como ocorreu com a escrituração contábil realizada em livros-razão em papel. Soluções de automação e inteligência artificial transformarão as atividades operacionais no mercado financeiro.

Espera-se que essa nova revolução ainda leve alguns anos, até que a indústria absorva tudo o que está por vir, mas, para o CFO, o futuro é agora! Isso porque a capacitação é essencial. A automação é o futuro, mas os profissionais são o presente. Se as equipes financeiras ativerem-se às ferramentas conhecidas que elas utilizam e adoram, não estarão aptas para o propósito de uma função financeira criada com tecnologia de última geração.

Por esse motivo, é crucial que o profissional de finanças também acompanhe essa nova onda do Data & Analytics, Inteligência Artificial e RPA, principalmente pelos benefícios que a acuracidade trará aos números com o uso dessas tecnologias. O uso de Data Analytics, por exemplo, permitirá ao executivo visualizar comportamentos que, na análise isolada da informação, poderia passar despercebida, numa avaliação mais simplista. É claro que “incomum” não significa que algo está errado. O julgamento humano das anomalias ainda será um fator decisório em muitas situações.

Profissionais de finanças são orientados a números e, em sua maioria, possuem skills analíticos, mas isso não significa que eles sejam automaticamente qualificados em RPA ou Inteligência Artificial. Eles não precisarão se tornar PhDs em ciência da computação para aprender ferramentas comerciais de RPA, Inteligência Artificial ou software de visualização de dados. Entretanto, a capacitação para entender como se beneficiar da solução e aplicá-la em seu dia a dia é essencial.

 

As opiniões e conceitos emitidos no texto [acima] não refletem, necessariamente, o posicionamento do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF) a respeito do tema, sendo seu conteúdo de responsabilidade do autor.

 

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