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Relacionamento e engajamento são os maiores legados de um executivo de sucesso, diz convidado do IBEF Jovem, Eduardo Campozana Gouveia

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Da área comercial a investidor de startups, Eduardo Campozana Gouveia passou por uma carreira profissional de muito aprendizado. Convidado do Mentoring IBEF Jovem realizado no dia 12 de setembro, na sede do IBEF-SP, Gouveia conta que mais do que grandes posições em empresas renomadas, seu maior legado profissional foi o relacionamento que criou com as pessoas que cruzaram seu caminho. “Sou focado em gente. Sempre fui muito bem nascido e bem criado, cercado de mulheres. Sou mais velho de quatro irmãs, tenho nove sobrinhas e duas filhas. Isso moldou minha trajetória”, contou Gouveia.

Sua formação foi em Ciências da Computação, mas ele destaca que após cinco anos trabalhando na área, percebeu que não estava feliz e queria fazer algo ligado a uma nova carreira para se aproximar e trabalhar com pessoas. “Queria sair de uma carreira mais técnica, menos coletiva, e ir para algo dinâmico”. Nesse momento, Gouveia iniciou sua trajetória em uma instituição financeira. Começou a trabalhar no Banorte, banco do seu estado natal, Pernambuco, na área de produtos. Lá, ele implantou cartão magnético, autoatendimento e call center. “Depois entrei num programa de aceleração de executivos e fui para a área comercial. Me tornei gerente de atacado, tinha uma carteira de grandes contas, mas não entendia nada de finanças e fui fazer MBA na área”, contou.

Foi aí que Gouveia começou a perceber a importância da relação construída com pessoas ao longo do tempo. Nesse momento, ele conheceu Marcelo Silva, que era cliente seu e CFO do BomPreço, rede de supermercados do Nordeste — grande guru de sua carreira. “Ele me falou que eu tinha que entender o que é banco, e para isso eu teria que atuar lá na frente, na agência. E virei gerente geral de agência. Lá, ajudei um cliente a fazer o planejamento estratégico de uma distribuidora de bebidas e saí com três negócios — fui convidado a ser sócio desse cliente. Decidi sair do banco e montar três empresas: uma distribuidora de produtos para baixa renda na periferia de Recife, uma corretora de seguros e uma fábrica de bebida. E deu super certo”, destacou.

Vida de empresário — A decisão de deixar uma carreira já estabelecida no banco para começar a vida de empresário não foi fácil, mas Gouveia contou que tinha uma vontade muito grande de empreender, apesar do conforto na vida corporativa. “Comecei do zero. Eu estava acostumado a uma vida confortável e prestigiada e iniciei uma vida dura financeiramente. Mas foi uma experiência muito rica. Eu me questionei várias vezes se tomei a decisão correta. Hoje, depois de 30 anos, vi que deu certo e essa experiência me ajudou a ser mais cuidadoso. A carreira de um empreendedor nem sempre é estável”, destacou Gouveia.

O momento mais complicado de sua transição profissional foi quando Gouveia se mudou para Salvador, onde ficava de segunda a sexta-feira. “Os projetos de vida começaram a sair de prumo. Decidi entregar a empresa e voltei para Recife, desempregado. Talvez tenha sido a decisão mais certa. Aí, Marcelo Silva, meu ex-cliente do BomPreço, me deu um emprego de gerente geral de Hipercard. Foi a retomada”, contou. Nesse momento, Gouveia percebeu que já tinha desaprendido como era a vida corporativa, pois antes ele estava à frente de negócios onde podia tomar decisões. Por outro lado, ele estava fora do circuito que gostava tanto: o de trocar ideias com pessoas e compartilhar. “Eu tomava decisões antes, mas era muito solitário”, destacou.

Na Hipercard, Gouveia se tornou diretor de Marketing e pode aproveitar o MBA que há havia feito na área para ajudar no posicionamento do cartão. “Mesmo com receio de errar, nessa época me cerquei de gente muito bacana, sentei e fiz. E fiz bem feito. Qual foi o grande segredo? Me juntar com gente melhor do que eu”, disse. Um tempo depois, o BomPreço foi vendido para o Walmart, onde Gouveia foi convidado para ser vice-presidente de Marketing, em São Paulo, há 14 anos.

Projetos pelas pessoas — Nesse momento, a vida de Gouveia passou por uma nova transição. Veio com a família para São Paulo e trabalhou no Walmart por um ano e meio. Foi encontrado por um headhunter e migrou para a Visanet. Lá, trabalhou por quatro anos e participou da transformação da marca para Cielo. “Tive a sorte de passar e organizar esse processo comercialmente”. Logo depois, após uma visita à TAM, Gouveia foi convidado para se tornar presidente da Multiplus, programa de fidelidade que estava nascendo no Brasil. Nesse momento, pediu demissão da Cielo e abraçou o novo projeto. “Foi uma decisão difícil, corajosa. Acreditei num sonho e que ia deixar um legado, que era construir a indústria de loyalty no Brasil”.

Posteriormente, Gouveia foi convidado para assumir a Alelo, onde se tornou CEO e decidiu fazer uma transformação forte pelas pessoas no conceito de implantar felicidade. “Percebi que nas empresas, as pessoas entregam resultado felizes. Começamos uma jornada de transformação pelas pessoas, iniciando pela horizontalização. Eu sentava do lado do estagiário. Crescemos muito gerando felicidade e riqueza”, contou. Gouveia participou ainda da construção da Livelo, programa de fidelidade dos cartões Bradesco e Banco do Brasil, e da Veloe, meio de pagamento para mobilidade urbana.

Após passagem marcante pela Alelo, assumiu como CEO da Cielo no final de 2016. Entregou o maior lucro da história da companhia, mas não a qualquer preço. Desenvolveu as mesmas ações de reconhecimento e engajamento. Foi também na Cielo que ele percebeu que uma equipe boa teria que ser composta por pessoas divertidas, com bom caráter, que dão ideias e ajudam a construir um negócio diferente. “Currículo é importante, mas o que faz diferença é a vontade de fazer, e sempre me cerquei de gente que queria se engajar”, complementou. Ele ainda deu a dica de como fazer uma boa contratação. “Contrate coletivamente, não se baseie apenas na sua opinião, e tenha uma referência”, destacou.

Startups — Após essa jornada, Gouveia estava decidido a tirar um ano sabático e viajar com sua esposa no início 2018. Contudo, seu contrato na Cielo foi renovado, e ele permaneceu na empresa até agosto. “Minha esposa pediu demissão, e em novembro fomos morar em Londres por nove meses. Para fazer o quê? Nada. Viajamos muito. Fizemos um pacto de reflexão de vida e decidi que não queria mais ser mais executivo de empresas, e sim ajudá-las a crescer”. Foi assim que Gouveia se tornou investidor de startups. Hoje, ele atua no conselho administrativo de companhias e as ajuda a alavancar seus negócios de acordo com sua experiência e visão empreendedora.

Gouveia já fez quatro investimentos: na AllPoints, empresa de pontos com sede em Amsterdã; na PinPeople, empresa de Recursos Humanos que acompanha a jornada do funcionário; Allya, também de RH, que monta clube de benefícios em restaurantes e lojas que funcionários indicam; e na Hands, empresa de dados e comportamento para gerar inteligência de conhecimento e analytics. “Meu foco é investir em projetos com expertise de loyalty, payments e RH”, contou.

Aprendizado — Mais do que se tornar um empreendedor, Gouveia diz que aprendeu o valor de ter pessoas ao seu lado para garantir o sucesso profissional, além de confiar e pegar para fazer os projetos que apareceram. “Confie, monte time bom, crie uma visão, junte todo mundo, beneficie a todos, reparta o bolo, seja transparente. Comunicação é tudo. Vincule pessoas”. Ele contou que sempre criou relações onde trabalhou, especialmente quando foi CEO da Cielo, onde ligava para todos os seus funcionários para desejar feliz aniversário. “Vincular ajuda no engajamento e humaniza a empresa. Estou tentando estimular novos líderes a fazerem isso no trabalho, pois traz resultado e aproxima. Você só vincula outra pessoa pelo coração e pela causa”, complementou.

IBEF Jovem — O IBEF Jovem promove encontros de Mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. O núcleo é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. Acesse: www.antecipa.com

 

(Reportagem: Bruna Chieco)

 

 

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