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O papel dos financeiros na “reconstrução verde” da sociedade, segundo o Fórum Econômico Mundial

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O executivo de finanças tem muitas oportunidades de influenciar positivamente as empresas em seu processo de “reconstrução verde” no mundo pós-pandemia.

A afirmação é de Silvio Dulinsky, head of business engagement Latin America no Fórum Econômico Mundial. Ele participou da live “Perspectivas e visões do Fórum Econômico Mundial”, realizada no dia 14 de abril pelo IBEF SP. O evento foi moderado pela presidente do Instituto, Luciana Medeiros.

“Reconstrução verde” – A pandemia de COVID-19 resultou na contração econômica global mais profunda vivida em tempos de paz, observou Dulinsky. Esse episódio despertou a atenção das pessoas para o fato de que os riscos sistêmicos do atual modelo de vida e consumo são reais e cada vez menos improváveis.

Essa reflexão deu ao mundo um forte impulso na direção de uma “reconstrução verde” da sociedade, com questões ambientais e sociais passando a ser vistas como prioridades na agenda dos tomadores de decisão, observou Dulinsky .

Esse movimento tem afetado todos os setores da economia e seu impacto terá efeito de longo prazo. “Vivemos um divisor de águas no mundo, assim como foram os ataques às Torres Gêmeas, em 2001, e a queda do Muro de Berlim, em 1989. Este momento trará transformações tão profundas quanto”.

O mundo pós-pandemia é algo ainda difícil de enxergar, mas algumas tendências já podem ser observadas: aceleração da digitalização da economia (que antecipou 10 anos), aumento no endividamento de governos e setor privado, transformações das cadeias de valor, polarização política, mudanças nos padrões de consumo. E, dentre elas, a mais importante: a entrada em uma era de transparência “radical” em um mundo cada vez mais conectado.

Papel dos líderes empresariais – Nesse contexto, é muito importante termos o senso de urgência para reconstruirmos o nosso modelo econômico, de uma maneira mais inclusiva e sustentável, observou o representante do Fórum Econômico Mundial. “Se não enfrentarmos esses desafios, que estão sendo acentuados pela pandemia, a crise social vai se intensificar e conduzir a novos confrontos ainda mais intensos”.

“Cabe a todos nós que a tragédia econômica e humana que vivenciamos não seja o único legado dessa crise. Como dizemos no Fórum, não se trata de começar do zero, mas recomeçar melhor”, acrescentou Dulinsky.

Ele observou que deve ser um compromisso dos líderes empresariais tornar o capitalismo de stakeholders uma realidade global, permitindo que as empresas continuem a ser um motor positivo no desenvolvimento e que o lucro sustentável no longo prazo seja fruto da resolução de problemas da sociedade.

“No mundo globalizado, com a crescente consolidação na maioria das indústrias, e aumento da influência das empresas em todos os aspectos da vida moderna, a responsabilidade dos lideres empresariais na construção de uma sociedade mais sustentável e inclusiva é inevitável. A pressão da sociedade será cada vez maior”, assinalou o executivo.

Financeiros na transformação

Segundo Dulinsky, o primeiro ponto para que o ecossistema de finanças possa influenciar positivamente nessa transformação das empresas é a mudança da mentalidade de “soma zero”. “Nossa responsabilidade como CFOs é como trabalhamos com nossos parceiros de negócios, dentro e fora da empresa, para desenvolver soluções que vão além dos trade-offs”.

Escolhas difíceis envolvendo a necessidade dos resultados de curto prazo e as metas de longo prazo podem acontecer, mas como mostram diversas empresas globais e brasileiras exitosas, é possível construir uma agenda sustentável com a maximização do valor para o acionista. Assim, o líder de finanças pode ser um facilitador para pensar soluções em conjunto com as outras áreas que caminhem nessa direção.

Capacitação sobre o tema – Essa postura passa pela conscientização, mas também por capacitação, ressaltou Dulinsky. Ele observou que o IBEF SP conta com Comissões Técnicas (das quais inclusive já fez parte) que podem ser pontes para auxiliar nesse processo. Atualmente, o Instituto também oferece treinamentos aos executivos.

“Existem muitas áreas em que o executivo de finanças pode procurar se capacitar para conhecer as soluções que estão à disposição das empresas para poder trazer opções e alternativas relacionadas à sustentabilidade”, ressaltou.

Inovação e liderança – Unindo essas duas pontas, os financeiros também podem ser proativos na proposta de inovações. “É pensar como através da inovação em finanças podemos habilitar soluções em busca de modelos de negócios mais sustentáveis e inclusivos”.

A liderança pelo exemplo também foi destacada por Dulinsky. “Trata-se de convidar, incentivar, pensar em como asseguramos em nossas áreas, que muitas vezes têm um grande número de pessoas, questões como a inclusão de gênero, racial e os conceitos de sustentabilidade”.

Os líderes de finanças muitas vezes são responsáveis por áreas como fornecimento e compras, nas quais também podem trabalhar para inserir esses conceitos na cadeia de valor. Outra área importante e que pode se beneficiar da atuação de finanças nessa direção é a de planejamento estratégico das organizações.

Conectar números e propósito – Luciana Medeiros observou que a área de Relações com Investidores está ligada ao CFO e precisa estar conectada com os aspectos da sustentabilidade na divulgação de informações aos acionistas.

Dulinsky acrescentou que um relatório financeiro pode ser brilhante do ponto de vista de disclosure, mas pecar na narrativa, na conexão dos números com o propósito da companhia.

Quando os investidores olham para esses relatórios, eles têm a informação, mas aquilo não se traduz em apoiar o reposicionamento da companhia para construir uma indústria mais sustentável e inclusiva. “Esse vínculo (sustentabilidade) não se resume a números. É preciso ir além, em um aspecto de liderança realmente”, completou o representante do Fórum Econômico Mundial.

Clique aqui para assistir ao vídeo completo da live.

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