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Não tenho apego ao poder, mas à realização, diz o Equilibrista Eduardo de Toledo

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CFO vencedor do prêmio Equilibrista de 2017, Eduardo de Toledo foi o convidado, no último dia 12, do programa de Mentoring promovido pelo IBEF Jovem.

Toledo atuou mais de 20 anos no Grupo Ultra, incluindo a posição de diretor superintendente da controlada Ultracargo, empresa de logística de granéis. Além disso, foi diretor do Grupo MSP e CFO da Klabin, além de uma recente passagem como CFO na Minerva Foods. Hoje é membro dos Conselhos de Administração da Odontoprev e da Omega Geração e tem participado de processos para uma nova posição.

Questionado se deseja ser CFO ou CEO, ele diz que não pensa apenas em ser o primeiro homem da companhia. “Não tenho apego ao poder, mas à realização”.

Ele é formado em Engenharia de Produção pela Poli/USP e em Economia pela FEA/USP, além de contar com pós-graduação e cursos de extensão de Entrepreunership and Competitiveness (Columbia University – NYC) e International Executive Programme (INSEAD – Fontainebleau).

Rápida ascensão – Ainda na universidade, após voltar de um mochilão na Europa, Toledo tinha diferentes oportunidades de trabalho, mas decidiu ser estagiário no Grupo Ultra em 1987. “Na época, eu queria trabalhar numa empresa brasileira”.

Com a promoção do executivo que o contratou, ele também cresceu na empresa. Em 1989, já ocupava o posto de tax planning e, 1990, com 25 anos, tornou-se tesoureiro do Grupo Ultra. “Minha experiência em gestão começou cedo. Foi uma época de grande instabilidade econômica no País e precisavam muito da área financeira. Eu ainda não tinha visão de carreira, mas sabia que precisava dos fundamentos técnicos e pensava em migrar paulatinamente para negócios”.

Toledo explica que, em 1992, o pessoal de Recursos Humanos foi introduzido para fazer acompanhamento das relações nas áreas. “A minha gestão era muito técnica e consegui me desenvolver como gestor de pessoas”. Naquela época, também vivenciou a mudança de portfolio da empresa, com a venda das áreas de engenharia e de petróleo, além do Grupo assumir o controle da Oxiteno.
Em 1996, foi convidado para trabalhar na Oxiteno como responsável por Administração e Controle, que incluía as áreas de Recursos Humanos, Informática, Jurídico, Planejamento Financeiro e outras. “Ganhei muita experiência em gestão. Ainda era jovem, eu tinha 32 anos e meus pares mais de 50”. Na época, queria implantar ERP, mas sofreu resistência. Então, aproveitou o tempo para desenvolver as equipes. Ao mesmo tempo, envolveu-se no trabalho da IPO do Grupo Ultra. Com a troca dos outros diretores, em 1999, pôde iniciar um processo de transformação, como a implantação do ERP e outras ações de gestão.

Novo movimento – Toledo diz acreditar em ciclos entre cinco e sete anos, que são prazos para desenvolver as equipes, fazer transformações, impactar a cultura e preparar uma boa sucessão. Por isso, depois de sete anos na Oxiteno, era a hora de um novo movimento: “Time to move”. Tentou cargos no grupo, mas abriu-se para oportunidades externas e participou de alguns processos. Quando menos esperava, surgiu uma vaga no Grupo Ultra, para trabalhar como diretor superintendente da Ultracargo.

Com um plano de expansão em andamento, o desafio foi a construção do terminal de granéis líquidos em Santos. “Queriam o terminal pronto rapidamente. Sofremos atraso e tive de contratar outro engenheiro. Foi um pesadelo. As pessoas acham que é normal atrasar obra no Brasil, mas não é”. Depois dessa experiência, ele diz que checaria a obra com mais interlocutores. “Só trabalho com profissionais que tenho relação de confiança, mas é importante que ele tenha domínio da tarefa”, ressalta o executivo, ao dizer que outro aprendizado na Ultracargo foi o relacionamento com o cliente.

Na época em que cogitavam a compra da União Terminais, o executivo pretendia sair da empresa. “Depois de mais de 20 anos no Grupo, ele precisava diversificar o seu currículo. Tive uma reunião com o Conselho para a aprovação da aquisição e dois dias depois informei a minha saída. Não dormi aquela noite”. Como a equipe estava azeitada, o executivo só adiou um pouco a transição, mas a compra do terminal foi realizada.

Desafios – Então, assumiu a direção do grupo familiar MSP e passou a atuar na área de agronegócio. O projeto era tornar a empresa a maior produtora de óleo de palma do País. Com a crise de 2008, os planos financeiros, que incluiam abertura de capital, precisaram ser revistos e a Vale entrou como sócia.

Queria deixar o legado e, para isso, precisava atuar numa empresa maior. Após sete anos, foi para a Klabin assumir o posto de diretor de supply chain e voltou a trabalhar com o seu primeiro chefe. Nove meses depois, tornou-se CFO da empresa de capital aberto. “Foi uma experiência muito boa. Pude realizar muita coisa”, diz o executivo, que ganhou o prêmio Equilibrista nesta época.
Após a saída do CEO, não estava mais tão confortável e também decidiu sair e aceitar o posto de CFO da Minerva Foods. “Aconteceu o que temia e, dessa vez, não fiz a escolha certa. Fiquei dois meses na empresa. Acho que faltou a intermediação de um headhunter”, explica.

Segundo Toledo, ele poderia focar em Conselhos, pois atua nessa área há quase 20 anos. Porém, ele quer realizar mais e precisa estar no cotidiano de uma empresa.

Recomendações – Ele aconselha que as transições sejam feitas quando o profissional está forte na empresa. “Fiz isso quando saí da Ultracargo e também na Klabin”. Além disso, recomenda que a parte técnica seja desenvolvida entre os cinco e dez primeiros anos na carreira, o que seria entre os 20 e 30 anos de idade. O desenvolvimento de liderança se daria entre os 30 e 40 anos. Depois disso, é importante aprimorar a estratégia. “Também aconselha a mudar de áreas. Essas transições trazem aprendizado. Crescemos muito nas dificuldades”.

Outra sugestão é que os líderes organizem uma reunião semanal com data fixa, mas sem pauta. “Esses encontros têm várias funções, como alinhamento, reporte de outras questões e coesão”.
Para Toledo, o profissional ideal precisa ser empolgado e saber respeitar todos os seres humanos, independente de posição. Já o lado negativo é a insatisfação. “Não está legal? Mude”.

IBEF Jovem – O IBEF SP promove encontros de Mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. O IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com
(Reportagem: Renata Passos)

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