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Fonte: Valor Econômico – 05/03/2017
A volatilidade apresentada pelas bolsas americanas nas últimas semanas representa um momento de dupla tensão para o Brasil, afirma Carlos Alberto Bifulco, presidente do conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP).
Segundo ele, um crescimento mais rápido que o esperado da economia americana vai, mais cedo ou mais tarde, provocar um solavanco no mercado. Ao mesmo tempo, a retomada da atividade no Brasil não parece suficiente para sustentar uma expansão sólida do PIB.
“As famílias ainda estão muito endividadas e a demanda não parece muito forte. O investimento vai vir só dos exportadores”, diz Bifulco, que já foi executivo de companhias siderúrgicas e de papel e hoje atua como consultor.
Para ele, o desempenho das empresas melhorou, mas o preço dos ativos também está muito ancorado nas condições ultrafavoráveis do mercado externo. Por isso, a leitura de Bifulco é que uma mudança de percepção sobre a economia dos Estados Unidos pode levar os investidores a rever suas posições no Brasil. “A avalanche vem, só não se sabe o tamanho”, afirma.
A opinião do consultor contrasta com a de outros economistas, que veem o bom desempenho da bolsa neste ano amparado na melhora dos fundamentos das empresas e da economia brasileira como um todo.
Bifulco diz que uma mudança no cenário externo pode ter duas consequências. Uma delas é por meio de uma alta na cotação do dólar afetar as companhias que fizeram emissões de bônus e não estão totalmente cobertas por “hedge”. A outra é interromper o ciclo favorável que se vê desde 2016 para as empresas levantarem recursos no mercado de capitais.
No ano passado, as ofertas de ações de companhias brasileiras movimentaram R$ 42,9 bilhões, melhor desempenho desde 2009. As emissões locais de renda fixa, por sua vez, superaram a marca de R$ 150 bilhões. No mercado externo, somaram outros US$ 31,2 bilhões. Fusões e aquisições movimentaram aproximadamente mais US$ 39 bilhões, segundo a Mergermarket.
Essas transações são o foco do prêmio Golden Tombstone, promovido pelo Ibef, que tem inscrições abertas até 29 de março. O prêmio, que está em sua segunda edição, tem como objetivo eleger as melhores operações nas categorias renda variável, renda fixa e fusões e aquisições. O objetivo, segundo Bifulco, é premiar o esforço e a inovação nas operações no mercado de capitais. Uma comissão julgadora escolhe as melhores transações e a escola de negócios Saint Paul faz a checagem das informações.
Leia a matéria em: http://www.valor.com.br/financas/5361461/risco-externo-pode-atrapalhar-brasil-diz-ibef-sp