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Líderes que utilizam inteligência emocional com seus colaboradores veem resultados sendo refletidos no nível de engajamento de suas equipes. Para isso, é preciso colocar em prática um conjunto de habilidades intrapessoais e interpessoais. O tema foi discutido no webinar Certificação CFO (BR)® com o tema Inteligência Emocional e Transformativa para C-Level em Tempos de Covid-19, no dia 9 de setembro. O painel foi conduzido pelo CFO José Beraldo.
Izabela Mioto, sócia da Arquitetura RH, destaca que o papel da liderança no processo de promoção de um ambiente mais engajado é fundamental, mas que isso deve começar a partir dele mesmo. “O líder deve, o tempo todo, tomar decisões. O cenário em que estamos é de muita incerteza e o líder precisa ter muito diálogo para criar esse engajamento”. Segundo ela, a inteligência emocional entra na capacidade de ter uma boa relação consigo mesmo e melhorar a visão sobre si, ajudando no gerenciamento das zonas de risco. “Além disso, qual é a sua capacidade de saber o que te engajar de fato? O líder também precisa de autocontrole, que faz você entender suas emoções e não agir por emoções negativas. São habilidades intrapessoais: autoconhecimento, automotivação e autocontrole”, diz.
Já na inteligência interpessoal, Izabela cita a empatia e a sociabilidade. “Empatia não é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Ela tem a capacidade da tomada de perspectiva do outro para que eu me conduza eticamente cuidadoso. Assim, isso gera reciprocidade e confiança nas relações. Além disso, temos a capacidade de encontrar pontos em comum para construir redes fortes”, complementa.
Se colocar no lugar do outro foi um ponto também destacado por Eduardo Gouveia, investidor e conselheiro. Segundo ele, a liderança tem um papel diferente, muito mais forte, de fazer uma conexão ativa e entender o barco que cada funcionário e participante do grupo está vivendo. “Exercer esse papel ativo de comunicação intensa, se colocando no lugar de cada um e não achando que está no mesmo barco é fundamental em um momento de aprendizagem coletiva”. Devido à pandemia da COVID-19, esse papel se torna ainda mais forte e essencial para que toda a equipe saiba lidar com um novo cenário que se apresenta. “O modelo híbrido home office presencial, que está mostrando que veio para ficar, mexe na dinâmica e na cultura das empresas. Estamos aprendendo, por imersão e exposição, sobre um momento novo”.
José Beraldo ressalta a importância de se tratar desse tema em tempos de COVID-19, principalmente no cuidado com a saúde mental, que reconhecidamente impacta o desenvolvimento da inteligência emocional e outras soft skills, e Izabela reforça que nesse momento de pandemia, onde a incerteza despontou, as pessoas precisam olhar mais para si. Ela cita que há empresas que já estão devolvendo programas para conversar com lideranças, e outras que criam fóruns para abrir o diálogo para que as pessoas possam falar sobre as emoções. “A gente pode fomentar ambientes emocionalmente seguros”.
Izabela ressalta a importância das empresa já abrirem espaço para que colaboradores falem sobre suas emoções, com lideranças conscientes disso. “Lideranças e organizações precisam ter essa abertura e se não souberem as estratégias, há umas série de profissionais no mercado que têm feito programas sobre isso. Índices mostram uma melhoria grande”, destaca.
Soft skills – Olhar para si não é algo que as pessoas têm o costume de fazer, mas pode ser essencial para o desenvolvimento de soft skills dentro das companhias. Segundo Ricardo Basaglia, diretor da Michael Page, fomos ensinados a pensar, e não a sentir. “Podemos desenvolver a inteligência emocional desde que tenhamos intencionalidade e vivência. No mercado de trabalho, a gente vê que a inteligência emocional vai ser o maior balizador de empregos. Muitas pessoas acabam sendo demitidas por questões comportamentais, apesar de terem habilidades técnicas requeridas”, diz. Ele cita que soft skills ainda são muito pouco tratadas em cursos e se for bem trabalhadas, potencializam o aprendizado do hard skill da melhor forma.
Eduardo Gouveia complementa dizendo que é possível adquirir soft skills de várias maneiras se submetendo a situações do dia a dia. “Eu tive mentores e coachings e sempre procurei ter um feedback claro, além de chefes e líderes. É um processo evolutivo de transformação de uma carreira mais técnica para uma mais flexível, voltada à gestão de pessoas”, destaca. Para ele, a gestão tem que ser tangível e juntar a equipe em um propósito único, com muita comunicação genuína, transparente, verdadeira. “Isso fez com que eu desenvolvesse soft skills com mais autoconhecimento, liderança, empatia, juntando todo mundo”.
Potencializar talentos – A longevidade faz com que altos executivos acabem passando por diversas carreiras e vários ciclos, e por isso a abertura ao novo é fundamental, segundo Basaglia. “Nós, como gestores ou gerenciando a nós mesmos, temos que potencializar talentos e diminuir a interferência”. Ele complementa dizendo que é preciso trabalhar os pontos fracos até que eles parem de te atrapalhar, e assim, poder trabalhar os pontos fortes.
Diante disso, potencializar talentos significa reforçar pontos fortes nos colaboradores mais do que falar sobre os pontos que ainda não estão tão desenvolvidos. “Na medida em que eu exerço as minhas capacidades, eu me torno mais forte para ir para a zona de risco. O ser humano tem tendência de olhar para o que não é bom. Mas podemos reforçar os outros pontos sem deixar de olhar para as zonas de risco”, diz Izabela. “Em ambientes emocionalmente seguros, o potencial criativo se eleva”, reforça. Gouveia destaca a importância de trabalhar pontos fortes e montar um time que se compense nos pontos não tão fortes na gestão.
Papel do financeiro – Gouveia ressalta que o CFO já é um líder e está nas posições estratégicas da empresa, e a inteligência emocional na prática está em lidar com estresse, ambiguidade e ansiedade, fazendo o engajamento explodir. “Precisamos liderar com resiliência, empatia, além da combinação do hard skill financeiro. Os grandes CFOs com quem trabalhei eram aqueles que conseguiram equilibrar uma habilidade técnica forte com engajamento, flexibilidade. Vou apostar sempre no equilíbrio”, destaca.
Izabela diz ainda que o desafio para o CFO é ter diálogo para transformar custos invisíveis em visíveis, com estratégias para melhorar questões de soft skills. “Isso é bom para as organizações e para as pessoas”. Eles ressaltam a importância de saber se comunicar. “Acho que o líder precisa ter mais flexibilidade e motivar a equipe a se comunicar”, destaca Gouveia. “Além disso, é preciso ter a capacidade de sentir a tempestade que o outro está vivendo, e não ficar seu barco confortável, tendo essa habilidade empática para acolher, dar espaço, ouvir e dar feedback, usando o conceito do power skill para que equipes saiam melhor do que entraram”.