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Habilidades do profissional de finanças do futuro

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O IBEF Mulher realizou o Seminário ¨Quem você quer ao seu lado no board como profissional de finanças do futuro?¨ no dia 04 de outubro. O evento foi patrocinado pela PwC.

¨A prática da diversidade é um preceito ético, acima do fato de também gerar melhores resultados para as empresas¨, destacou Henrique Luz, Conselheiro do IBEF-SP, ao dar boas vindas ao público. Ele notou que o IBEF Mulher foi criado na gestão de Walter Machado de Barros, com o objetivo de integrar as mulheres do ambiente de finanças e obteve êxito em ampliar essa participação no Instituto.

“Começamos há 9 anos, com 60 mulheres, e hoje contamos com 231 associadas”, complementou Luciana Medeiros, líder do IBEF Mulher. “É uma iniciativa que esperamos um dia não faça mais sentido de existir, em função do crescente número de mulheres em finanças. Enquanto isso, buscamos integrar melhor as executivas e trazer temas relevantes para sua carreira”.

A mudança é inevitável – O mundo está em velocidade exponencial de mudanças, com a introdução de novas tecnologias e o fenômeno da globalização da força de trabalho. O paradoxo é que a maioria das organizações ainda se baseia em conceitos antigos para tentar ler esses novos eventos, destacou na palestra de abertura Vicky Bloch, sócia da Vicky Bloch Associados, empresa com foco em coaching e consultoria para empresas familiares.

“Nossas organizações foram preparadas para administrar de forma linear e cartesiana, enquanto o mundo baseado na informação se move exponencialmente”, alertou a especialista. Uma empresa que almeje a perenidade precisará ter sempre vontade e disposição para mudar. “Você tem a decisão de querer e se preparar para participar desse processo ou ser atropelado por ele. Sempre foi assim. A diferença agora é o tempo: ciclos de mudança que demoravam 10, 15 anos, agora acontecem em 5”.

Segundo Vicky, os desafios da gestão também mudaram. Passaram a envolver questões como: trabalhar a governança em organizações cada vez mais achatadas, desenvolver o conceito de EVP – Employment Value Propositon, desenvolver gestores para entender o trabalhador da era do conhecimento e construir relações sustentáveis, com lideranças mais humanizadas.

Dentre os fatores que tiram o sono dos CEOs atualmente, observa a especialista, está a ausência de ter no board alguém que seja um decodificador desses movimentos. “Uma das maiores preocupações desses líderes é não ter no Conselho alguém que o ajude a interpretar os movimentos da sociedade, com um olhar do que vem pela frente. A ausência dessa visão faz com que a organização fique vulnerável”.

Ao final da palestra, Vicky fez uma provocação: como os profissionais de finanças poderão se preparar para sentar no board, apoiar os CEOs e fazer parte de um colegiado para tomar decisões que extrapolam sua área de conhecimento?

“Se você atuar no Conselho apenas como um especialista de finanças, olhar as questões somente por esse viés, não vai resolver problemas e pode até atrapalhar”, argumenta a especialista. “Os financeiros mais bem-sucedidos que tenho encontrado são profissionais com um interesse incrível por comportamento, humanidade, psicologia e outros campos do conhecimento. Pessoas com esse perfil fazem uma diferença incrível nas empresas. Pois elas sabem interpretar o resultado com uma postura de cidadão, voltada para a sociedade e o futuro”.

Debate

Responsável por mediar o debate, Maria José De Mula Cury, sócia PwC e membro do IBEF Mulher, aproveitou a provocação da palestrante para questionar os painelistas convidados sobre quais seriam as principais características exigidas dos profissionais de finanças para a atuação com Conselhos.

O perfil técnico de finanças – saber analisar resultado, conhecer de controladoria e contabilidade – é necessário, mas não é suficiente para atuar em Conselho, observou Jacques Sarfatti, integrante da equipe de recrutamento de CEOs e membros de Conselhos da Russell Reynolds Associates.

“As cadeias de valor de vários segmentos estão se transformando disruptivamente e isso gera pressão para o Conselho rever a estratégia de criação de valor de cada empresa. No passado, era comum a empresa comprar o concorrente para isso. Hoje, há um forte movimento de empresas investindo em corporate ventures e M&A digitais”, observou Sarfatti. “Então, como você compra uma empresa digital, paga bilhões de dólares só para obter os dados que ela possui – muitas vezes ela nem tem receita -, e como você faz o valuation e gera o valor esperado para a companhia agregando essas startups? São exemplos de questões atuais”, ressaltou o especialista.

A agenda do conselheiro também passou a englobar temas como a avaliação de riscos de sustentabilidade e o movimento de investidores ativistas.

“O profissional de finanças tem como diferencial no Conselho o seu conhecimento técnico na área, que continua importante. Mas ele também terá que se adaptar e transformar, desenvolvendo habilidades para agregar à sua visão sobre como criar valor para a empresa, e que são diferentes do que se exigia no passado”, ressaltou o headhunter.

Novos campos de atuação – Existem várias startups precisando de profissionais financeiros que possam ser mentores para o crescimento, complementou Vicky Bloch. “Uma primeira tranche para quem deseja atuar em Conselho pode ser ajudando esses empresários, com o olhar do financeiro, a evoluírem nesse processo da organização. Há uma contribuição importante que pode ser feita para a transformação nesse segmento; hoje os campos de atuação se expandiram”.

Profundidade e conexão – Conselheira experiente, Olga Colpo destacou duas características importantes que os profissionais de finanças precisam desenvolver para atuar em boards: profundidade e conexão.

“Profundidade é o financeiro agregar valor e trazer um diferencial para o Conselho por meio de seu domínio sobre controladoria, contabilidade, investigation e litigation, por exemplo, que são aspectos extremamente técnicos, mas vitais para a saúde e a perenidade das organizações. Ao trazer essa leitura, ele agrega um valor inestimável de conhecimento, por ter profundidade nesses temas”, ressaltou Olga, que é membro dos Conselhos de Administração do Banco BMG, da Copel – Companhia Paranaense de Energia, entre outras organizações.

Já a conexão diz respeito à habilidade do profissional em fazer a ligação entre sua área de domínio técnico com a linguagem do negócio, a estratégia e as pessoas. “O profissional que dá mais segurança para o Conselho é o CFO. Mas ele não pode falar só o ‘tecniquês’ de finanças; ele tem que saber falar do negócio num contexto mais amplo – saber quando dar o zoom in e quando fazer o zoom out”, completou Olga. “Ele só vai agregar valor se conseguir navegar em rede com as demais pessoas que estão ali no Conselho”.

Tangibilizar o valor futuro – Diretora geral da Swarovski Professional para a América Latina, Mônica Orcioli destacou as soft skills mais importantes para o financeiro que atua em boards, considerando também a relação com o CEO.

“Há uma contribuição que só o profissional de finanças pode trazer para o Conselho: é a capacidade de tangibilizar o valor futuro da visão da companhia”, ressaltou a executiva. “A empresa decide qual será a sua missão e visão futura, quais tecnologias adotará – mas indicar como isso poderá ser tangibilizado nos números e resultados é a real contribuição do financeiro”.

Mônica acrescentou que os profissionais de finanças devem buscar atuar como parceiros de todas as áreas do negócio, mas também aprofundar seus conhecimentos sobre novos mercados e tecnologias disruptivas. “Sabemos que só a atividade básica de finanças já é super demandante. Mas vocês precisam dedicar tempo para entender esses movimentos, para que assim a empresa possa inovar e sobreviver, e vocês serem agentes de transformação”.

Mudar de cadeira – Para um executivo, incorporar as soft skills necessárias para atuar em Conselho pode ser tarefa mais difícil do que desenvolver as habilidades técnicas, complementa Sarfatti.

“Quando você sai de uma posição executiva e vai para o Conselho você tem que saber mudar de cadeira”, observa o headhunter. “No Conselho, você tem que exercer a sua capacidade de influência. Tudo o que você fizer será por meio dos outros. Ali todos têm o mesmo peso”.

Além da necessidade de mudar o paradigma de executar para influenciar, o profissional deve também desenvolver as seguintes habilidades: saber ouvir; ter independência; coragem para expor seu ponto de vista; colaborar e inspirar o management; ter curiosidade intelectual para ir além do papel financeiro; e estar engajado – ler os materiais e participar das reuniões.

“Nas avaliações de 360 graus feitas nos boards, uma das maiores críticas é para o conselheiro que não lê os documentos ou sai da reunião para atender o celular. Ninguém quer um conselheiro que não participa ativamente das discussões estratégicas sobre o futuro da empresa”, alerta o headhunter.

Com relação à busca pelo equilíbrio no número de homens e mulheres nos Conselhos, ele destaca que o mercado está muito mais favorável em relação ao passado: “Hoje a demanda para conselheiros está altíssima. Cerca de metade dos Conselhos para os quais buscamos membros nos pedem diversidade. E, para a outra metade, sempre apresento opções de candidatas e candidatos. Então, o cenário é positivo.”.

Ação social – O seminário realizou a Campanha “Doe Leite”. Por meio da contribuição dos associados, o IBEF Mulher arrecadou 49 latas de leite em pó., alimentos que terão como beneficiárias as instituições Casa da Criança Santo Amaro Grossarl e o Centro Comunitário Ludovico Pavoni. O IBEF-SP agradece a todos que participaram desta iniciativa!

 

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