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Fundos multimercados se tornam relevantes diante de crise

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Os investimentos após o agravamento da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) tomaram um rumo diferente. Enquanto o mundo estava em um ambiente de juros reais baixos e havia um movimento de maior diversificação, a crise atual gerou certa tensão no mercado. No Webinar “Investimentos em tempos de crise”, realizado pelo IBEF Mulher no dia 12 de maio, Ana Paula Moreno, diretora executiva da Alfa Asset Management, destacou que nesse ambiente de volatilidade a classe de ativos relevante acabou sendo os fundos multimercados. “Temos uma gama de gestores desses fundos que podem se adequar rapidamente às mudanças de cenário e curto prazo”, disse durante bate-papo coordenado pela líder do IBEF Mulher, Maria José De Mula Cury, que também é sócia da PwC Brasil.

Ana Paula disse ainda que com a queda de valor das empresas, é preciso olhar as melhores ações ao investir no segmento de renda variável. “As melhores empresas são as que vão melhor se adaptar à crise”. Ela alertou, contudo, para a volatilidade do mercado. Segundo Ana Paula, o setor de infraestrutura tem potencial de crescimento, especialmente com juros baixos. “Em relação à exposição a ativos no exterior, acredito que os Estados Unidos vão sair na frente nessa recuperação, inclusive o setor de tecnologia, que já está indo bem. Dá pra fazer investimentos no exterior com esse ponto de diversificação”, disse.

Além disso, os fundos de crédito acabam fazendo sentido para alocação de médio prazo, destacou Ana Paula. “Também vemos fundos de créditos incentivados, onde o cliente tem o benefício fiscal. O bottom line é a diversificação, que vai continuar”, disse. Em relação aos investimentos de longo prazo, Ana Paula ressaltou os fundos de previdência mais diversificados.

Fundos de investimento – Diante da crise, a tendência agora é que as pessoas, com educação financeira, aloquem seus recursos de acordo com o perfil de risco, e Ana Paula destacou que esse movimento ocorre via fundos de investimento. ” Em relação aos fundos imobiliários, temos uma questão de ser um ativo menos líquido, mas teremos mudança de tendência. O home office veio pra ficar, não só pelo distanciamento social, e isso pode gerar efeito no setor comercial, que terá menos necessidade de metro quadrado. Por outro lado, os juros baixos beneficiam os fundos imobiliários como classe de ativos”, explicou.

Particularidades da crise – Com mais de 25 anos no mercado financeiro, Ana Paula comparou a crise atual com as demais crises pelas quais passou durante sua carreira. “A crise de hoje é complexa, sem precedentes, e de saúde. Normalmente a gente consegue fazer uma modelagem econômica, mas como temos esse componente, é difícil ter alguma previsibilidade. O lado bom é que a crise passa”, disse.

Ela destacou que a pandemia do coronavírus afetou os ativos financeiros no Brasil em um tempo curto, devido à busca de liquidez e da liquidação de ativos. “A bolsa brasileira estava a 115 mil pontos e chegou a 65 mil pontos”, lembrou. “Em termos de efeito econômico, estamos vendo que as medidas de distanciamento podem durar alguns meses, mas existe também o risco de uma segunda onda de contágio”, ressaltou. Devido a esses impactos, há uma revisão do crescimento econômico mundial, que deve chegar a um PIB de -3%, enquanto no Brasil a previsão é de -5%.

Recuperação – Quando a pandemia tiver uma normalização, a tendência é que haja uma recuperação gradual. Segundo Ana Paula, isso será influenciado pelas mudanças de comportamento, especialmente no setor de serviço, que deve retomar, mas ainda com distanciamento social. “A dificuldade é fazer previsão, e enquanto não houver medicamento para a COVID-19, haverá distanciamento social”, destacou. Para quem tem reserva de longo prazo, ela ressaltou que as possibilidades de investimento são positivas, mesmo diante desse cenário.

Ana Paula falou também sobre as diversas medidas realizadas pelos Bancos Centrais mundiais para dar liquidez ao mercado, além de medidas fiscais para compensar parte da perda no curto e médio prazo. “É um tamanho de estímulo para compensar boa parte do período de distanciamento social. Já o Brasil tinha uma agenda reformista, um plano econômico de uma reforma administrativa, e começamos com aprovação da reforma da previdência, estávamos avançando na reforma do sistema tributário, e uma busca de um Estado menor e economia mais produtiva”.

Agora, para combater as perdas econômicas, foram anunciadas medidas fiscais para atender à população de renda mínima, e para o médio e pequeno empresário. “O importante é que, na hora que as coisas normalizarem, a gente retome o controle dos gastos públicos. O Brasil estará mais fragilizado, mas é um dever de casa. Do ponto de vista de endividamento público, pagaremos menos juros, temos uma reserva cambial, e o BC tem atuado para dar liquidez”.

Ana Paula citou ainda países com maior capacidade de reação, com recuperação mais rápida, como os Estados Unidos e a China. “Os países mais frágeis são os emergentes, com endividamento público mais elevado. No Brasil, precisamos de uma coordenação política para avançar depois da pandemia, organizando a base do governo no Congresso Nacional, mas temos que ter alinhamento grande para avançar”.

 

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