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Financiamentos perdem o ritmo

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Nem mesmo as medidas governamentais de estímulo ao consumo animam as previsões dos bancos privados para as operações de crédito este ano. A expectativa é que elas cresçam a um ritmo menor do que vinha sendo registrado até o ano passado. O desaquecimento da economia, as incertezas do cenário internacional e o temor provocado pelo aumento da inadimplência do consumidor levaram algumas instituições financeiras privadas a pôr um pé no freio na liberação de novos financiamentos. Ainda assim, as operações de crédito devem bater a marca de R$ 1,9 trilhão registrada em 2011. O destaque deve continuar sendo o crédito imobiliário.

“Há três, quatro anos, as operações de crédito cresciam a uma média de 20% ao ano. Em 2011 aumentaram de 15% a 20% na comparação com 2010. Este ano não passa de 10% a 15%. Se as notícias forem boas no campo internacional pode haver recuperação no quarto trimestre”, diz Victor Loyola, diretor executivo da área de risco do Citi.

“No início do ano, anunciamos a expectativa de crescimento da nossa carteira de crédito entre 14% e 17% num cenário que previa crescimento real de 3,5% para o PIB. Essa previsão pode não se confirmar. Na metade do ano, o banco confirmará ou revisará essas perspectivas”, afirma Rogério Calderón, diretor corporativo de controladoria do Itaú Unibanco.

“Os bancos ficaram preocupados com a inadimplência e reduziram a concessão de crédito, mas o pacote de estímulo do governo pode alterar as expectativas. As operações não devem cair muito, mas há um temor”, completa Keyler Carvalho Rocha, presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef/SP).

A avaliação dos executivos financeiros é que o consumidor já teria chegado a seu ponto máximo de endividamento. O aumento da demanda por crédito, nesse caso, dependeria do aumento da renda no país. A expectativa de crescimento abaixo de 4,5% inibiria o consumo com reflexos na produção industrial e também na liberação de novos financiamentos.

A previsão dos executivos financeiros é de que haja uma redução até nas operações de crédito imobiliário. Os financiamentos para a construção e compra de imóveis alcançaram em 2011 R$ 79,9 bilhões – maior volume já registrado no país. Foram emprestados R$ 23,7 bilhões a mais do que em 2010, um crescimento de 42%, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). O número de unidades financiadas chegou a 493 mil – 17% mais que no ano anterior.

“O crédito imobiliário continuará sendo destaque, provavelmente apresentando o maior crescimento dentre as nossas carteiras neste ano. Isso já se verificou no primeiro trimestre, quando cresceu 8,5% sobre dezembro de 2011 e 57,3% na comparação com março de 2011”, diz Rogério Calderón, do Itaú Unibanco.

Por Paulo Vasconcellos | Para o Valor, de São Paulo

Fonte: valor.com.br

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