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Fábio Barbosa, executivo multitarefas, destaca os passos para se chegar ao ápice

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Com um perfil diversificado, o experiente gestor ressaltou, em encontro de mentoring do IBEF Jovem, como a busca pela ética e o talento o transformaram em um célebre homem de negócios.

Um dos nomes mais festejados do universo corporativo, Fábio Barbosa é um executivo atípico, conhecido pelas suas habilidades de administrar várias empresas ao mesmo tempo. Ele, que fez nome ao presidir bancos e empresas como o Santander e a editora Abril, compareceu a um encontro de mentoring do IBEF Jovem em 26 de fevereiro para narrar detalhes sobre como se lançou entre os maiores administradores do País.

À primeira vista, Barbosa destoa do perfil tradicional sóbrio que, normalmente, se espera de um executivo do seu gabarito pela simplicidade e audaz sinceridade com que se dirige aos seus interlocutores.

De saída, ele já avisa à plateia sobre a importância de se ter um comportamento correto e prezar o compromisso com a verdade. “Eu me dei bem na minha vida profissional sem precisar transigir. Então, radicalizei. Eu sou adepto da seguinte frase: “Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo”. E eu acho que tem que se batalhar para agir corretamente. Neste País, temos a mania de falar das coisas que ocorrem em Brasília como se nós fôssemos um bando de vestais que não cometem nenhum delito. Na verdade, executamos e toleramos pequenos delitos e, depois, apontamos os dos outros”, afirma.

Esses princípios e a paixão pela área de finanças transparecem a cada informação que ele compartilha com o jovem público. “Foi um privilégio eu ter trabalhado na área financeira, embora eu tenha me destacado mais ao lidar com pessoas. Quem atua em finanças tem dois caminhos: ou está na tesouraria, mexendo com crédito, pagamentos, recebíveis, ou está na controladoria. E eu valorizo as duas áreas”, declarou.

Barbosa é taxativo quando se refere ao dia a dia do setor que o consagrou. “A empresa quebra no caixa, como todos sabem disso. Não é em outro lugar. Por isso, é fundamental saber o que fazer com as provisões, quais são os riscos… é essencial saber sobre esses fatores. E quanto à controladoria, há três coisas que o controller necessita se atentar: primeiro, a qualidade dos números.

Precisa ter certeza de que os números que estão lá refletem a realidade do que aconteceu, das decisões que foram tomadas. Segundo, se todas as obrigações fiscais e trabalhistas estão devidamente mapeadas, se a organização não está sendo exposta a riscos. E o terceiro mandamento: entender a dinâmica de resultados da empresa”, enumera.

Ele chama a atenção para a responsabilidade dos líderes de finanças. “Não tem ninguém na empresa que entenda melhor de resultados do que o CFO. Ter a certeza de que os números estão corretos não é o que faz a diferença. Isso é uma obrigação”.

Segundo Barbosa, o ponto primordial na área financeira é entender a dinâmica dos resultados. Daí ele lança uma série de questionamentos: “o resultado subiu? Por que caiu? Qual a margem que estão dando? Se aumentou a receita é porque tem mais clientes? Ou foi porque subiu a tarifa de algum produto? Ter toda essa compreensão sobre esses dados é fundamental”, comenta.

O fato de o CFO sentar ao lado do presidente da companhia em países como os Estados Unidos e, inclusive, em algumas companhias brasileiras, foi exaltado por Barbosa. “O presidente é um cara pilotando um automóvel com um navegador ao lado, que é o CFO. O conhecimento que tem um CFO permite um outro nível de conversas com investidores, gestores da empresa, enfim, com acesso a autoridades que ninguém mais tem”.

Outro ponto alto da palestra de Barbosa foi sobre a sua atuação nos conselhos de administração de empresas do naipe da Natura e Hering. Ele também é conselheiro do Itaú, do Centro de Liderança Pública (CLP) e presidente do conselho do Instituto Empreender Endeavor. Atua também como vice-presidente do conselho da Fundação Itaú Social, além de ser membro do Conselho da UN Foundation para apoio a ONU.

Essa capacidade de se desdobrar em tantas posições no mundo empresarial tem, por trás, o fato de gostar de lidar com pessoas, apesar da complexidade inerente ao ser humano, como ele mesmo define. “Em minha carreira, descobri também que eu gosto de gente e constatei também que trabalhar com números é mais fácil do que trabalhar com pessoas. Ao longo da vida, tentei contratar profissionais e nunca consegui. Sempre veio a pessoa junto. Ora, o ser humano tem frustração, ambição, inveja… Muitas vezes faz uma autoavaliação que não bate com aquilo que você acha dele, tem expectativas… Enfim, é um trabalho danado, complicado e fascinante”, admite.

Por fim, o conselho que Fábio deu aos jovens presentes diz muito sobre a sua maneira irrequieta de pensar. “O mundo está mudando rapidamente, em uma velocidade muito maior do que na minha época. Portanto, ter expectativas de carreira hoje como era no meu tempo é uma coisa que não vai existir. Estar constantemente estudando, procurar se desenvolver sempre, é condição fundamental. Mas a compreensão do que é o seu trabalho e como ele pode agregar valor, saber bem sobre o mercado que está atuando, e as dinâmicas que estão prevalecendo, são as condições que deixarão vocês mais atualizados”, conclui.

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