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Evolução das responsabilidades na gestão de riscos e impacto das novas tecnologias foram temas abordados no Seminário de Tesouraria e Riscos

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Tecnologias disruptivas e seu impacto na gestão financeira e de riscos foram os pontos centrais discutidos no Seminário de Tesouraria e Riscos, realizado pela Comissão Técnica do IBEF-SP no dia 27 de novembro. Para debater o tema “Evolução do modelo de gestão de riscos e tecnologia”, foram convidados os palestrantes Jerri Ribeiro, sócio da PwC Brasil para a área de Gestão de Riscos e Compliance, e Paulo Guiné, diretor executivo para novos negócios da Oracle, empresa patrocinadora do evento.

Transformação digital – Em sua apresentação, Paulo Guiné abordou o tema da transformação digital na área financeira e o impacto das inovações no gerenciamento de riscos corporativos. Em tom bem-humorado, Guiné provocou os espectadores com a reflexão sobre os cargos que poderiam ser assumidos por robôs no futuro, utilizando o site willrobotstakemyjob.com. Ele notou que quanto mais próxima a atividade estiver do negócio da empresa – e for menos transacional e operacional -, menor o risco de ser substituída por uma máquina.

O executivo compartilhou sua experiência profissional, construída na área de finanças e controladoria, e o trabalho no desenvolvimento de novos negócios para a Oracle. Ele destacou a importância do uso das tecnologias disruptivas e dividiu a experiência que sua área tem liderado, com o uso de Big Data, no desenvolvimento de algoritmos para a equipe de marketing e vendas. O intuito é gerar campanhas mais assertivas e fazer a transição de eventos físicos para digitais.

“Isso quer dizer que quanto menor os processos operacionais das atividades, menor a chance de sermos substituídos por máquinas em nossas funções. Então não se trata de tecnologia, porque essas soluções já existem”, comentou Guiné. “Blockchain e iOT são temas que não estão mais em discussão em finanças, são um fato. Nosso ERP, por exemplo, já tem embarcadas tecnologias para permitir que os executivos de finanças desenvolvam um novo posicionamento, estejam mais próximos de business partner e voltem a ter relevância no processo de tomada de decisão.”

Segundo ele, a visão gerencial de departamentos como a Tesouraria e a gestão de caixa, na maioria das empresas, ainda está no “Sistema Avançado de Planilhas”, notou bem-humorado. Isso bloqueia o desenvolvimento dessas competências estratégicas e a capacidade dos profissionais de prestarem serviços que vão além do operacional diário. “Então precisamos repensar o modo como fazemos a conciliação contábil e o processo de fechamento, por exemplo. A nova era é a era da inteligência aplicada e ela sempre a serviço de novos modelos organizacionais e funcionais e, então, a tecnologia implantando processos diferentes reestruturando a área como um todo!”, disse.

Evolução da gestão de riscos corporativos – Jerri Ribeiro, por sua vez, abordou a integração da área de gestão de risco com estratégia e performance, a partir do contexto de nova demandas dos stakeholders e mudanças tecnológicas sem precedentes.

Coordenador do projeto do novo “COSO Enterprise Risk Management – Integrating with Strategy and Performance” no Brasil, ele expôs três indicadores resultantes desse trabalho, trazendo reflexões nas dimensões sobre estrutura de governança das empresas (comitês e conselhos), estratégias e tipos de riscos que deveriam ser gerenciados e, ainda, cultura e tecnologia da informação.

“O projeto como um todo revelou o que estamos fazendo em relação a gestão de riscos no que tange o conselho de administração, diretoria e seus comitês. Além disso, mostrou a temática dos riscos relacionados à estratégia e a performance, e a quantidade de informação que as companhias recebem sobre os riscos corporativos”, complementou.

Ele destacou o dado da pesquisa PwC 2016 Annual Corporate Directors Survey, que apontou que 58% dos conselhos não recebem informações com a frequência necessária sobre o valor total dos riscos que a empresa está tomando. Esse tipo de comunicação ocorre apenas uma ou duas vezes por ano, segundo Ribeiro.

A pesquisa questionou ainda onde estariam registradas as principais perdas das corporações nos últimos anos, nos Estados Unidos. 81% foram atribuídas a erros na implantação de estratégias ou do novo modelo de negócios. “Isso mostra que a gestão de risco então deve focar nas incertezas que possam evitar, limitar ou afetar a continuidade da administração. Nosso desafio está aí”, afirmou Ribeiro.

Entre outras reflexões apresentadas pelo projeto COSO, está a atenção ao se discutir estratégias da organização que devem estar alinhadas à missão, visão e valores. Além disso, é importante analisar as implicações da estratégia escolhida, e estudar os mercados em que a companhia pretende atuar, se estão alinhados com o seu propósito.

Um dos últimos aspectos apresentados por Ribeiro foi sobre a necessidade de medir o nível de cultura de gestão. Segundo ele, é o que direciona até onde a empresa pode ir na busca dos objetivos estratégicos. “Mas o desafio é fazer essa declaração virar um processo”, comentou.

Debate – Antes de encerrar o painel, o seminário ainda trouxe a expertise de outros dois profissionais convidados para esclarecer mais questões sob o ponto de vista de inovação e gestão de riscos para o mercado. Foram eles Semi Kim, da área de inovação do Itaú BBA, e Mercedes Stinco, da área de gestão de riscos da Natura. Abaixo, confira algumas perguntas e respostas:

Quais os maiores desafios de uma empresa conviver com o modo convencional e as novas tecnologias, sob a perspectiva de gestão de riscos?
Semi Kim: Aqui vamos para dois mundos: a empresa com ela mesma e com os seus clientes. Os consumidores esperam coisas novas. Então, se um banco se propõe a ouvi-lo, coisa que nenhum outro faz, a pessoa vai se sentir honrada e valorizada por esse diferencial. Por mais que seja só uma conversa, sem garantias de nada em específico. Já pensando na empresa, falamos que é necessário ter um sponsor que tem que ser muito forte para alinhar as expectativas.

Quais os principais desafios para se ter uma gestão de risco funcionando e gerando valor na prática, envolvendo uma estratégia embasada, com métricas de performance? Mercedes Stinco: É preciso respeitar a abordagem que será feita com o gestor de um negócio, conhecendo as metas do ambiente em que você está. A proposta ideal é a de criar uma conexão com os vários agentes, porque existe uma linguagem em cada departamento. Quando o gestor entende que o que você procura é dividir essa responsabilidade, ele fica mais aliviado, utilizando todas as metodologias e tecnologias a nosso favor.

 

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