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É preciso gostar do desafio proposto pela empresa, diz o CFO da Fibria

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Guilherme Cavalcanti foi o convidado do encontro de mentoring realizado pelo do IBEF Jovem na última terça-feira (27). O executivo falou sobre a sua trajetória profissional e narrou suas experiências em grandes empresas como Banco Pactual, Grupo Globo, Vale e na Fibria, onde é CFO há seis anos.
Carioca, Cavalcanti é formado em Economia pela PUC-Rio, onde também fez mestrado.

Decisões – O executivo começou a palestra falando sobre o livro Great People Decisions, de Claudio Fernández-Aráoz, que aponta que uma carreira de sucesso profissional é determinada por quatro fases e/ou fatores: a Genética, que definirá qual é a sua vocação, seja  ela para área da arte ou ciências, por exemplo; a Formação Acadêmica, que envolve a decisão pelo curso e pela universidade que deseja se formar; as Escolhas ao Longo da Carreira, seja por áreas ou empresas que venha a atuar; e ainda as Decisões das Pessoas de sua Equipe, pois a uma certa altura da carreira você passa a gerenciar e não executa mais.

Cavalcanti decidiu pelo curso de Economia na época do Plano Cruzado, mas perto de se formar, quando o País vivia uma hiperinflação, era quase impossível conseguir um estágio no Brasil. Enquanto seus colegas de graduação partiram para o sistema bancário, ele decidiu continuar estudando. Fazia mestrado e dava aula para a graduação, ocasião em que conheceu importantes economistas do cenário nacional.

Depois de certo tempo, decidiu ingressar em instituições financeiras, quando passou pelo Banco Primus e pelo Banco Pactual. Nesse último, ele trabalhava com aplicações de renda variável. “Foi uma escola. Eu tinha que ler capítulos de livros nos finais de semana, pois costumavam fazer sorteios para que os jovens executivos fizessem apresentações com base naquele conteúdo dos livros. Eu também tinha que chegar mais cedo e ler os jornais para saber sobre tudo antes de atender aos clientes. Cresci muito, apesar de a vida ter sido sacrificante naquela época”.

Mudança de rota – Depois da experiência adquirida nos bancos, no final da década de 90, Cavalcanti foi trabalhar no Grupo Globo, na área de Relações com os Investidores e Planejamento. “Naquela época, eu já tinha tomado uma decisão. Eu queria ser CFO de uma empresa de capital aberto, pois o desafio era maior”.
Na mesma época, ele estudou para os exames I e II do CFA Institute, que concede certificação internacional de analista financeiro. “Não basta estudar. O mais importante é aplicar na empresa o que você aprende”.

Ao mesmo tempo, Cavalcanti diz que levou o senso de urgência do mercado financeiro para a sua trajetória profissional. “No Grupo Globo, eu percebi que eu tinha outro ritmo. Enquanto as pessoas costumavam sair do trabalho às 18h, eu ficava até terminar os modelos e, muitas vezes, eu trabalhei até 21h30. Além da questão da urgência, também carrego comigo a acuracidade e acabei pegando muitos erros e me destacando por essa dedicação”.

Cavalcanti diz que seu crescimento baseou-se muito na especialização técnica. “Isso ajuda até hoje, inclusive na hora de contratar. Mesmo quando eu sei a resposta, eu gosto de perguntar”.

Novo segmento – Depois de oito anos de atuação no Grupo Globo, o executivo foi convidado para trabalhar na mineradora Vale, onde ocupou a posição de tesoureiro e CFO. Participou fortemente na captação de recursos junto a bancos para que a empresa fizesse importantes aquisições. “Um dos grandes desafios foi levantar US$ 18 bilhões para a compra da empresa canadense Inco. Foi um trabalho de muita negociação e convencimento. Contribui para o crescimento da empresa. Quando foi privatizada ela valia US$ 3 bilhões e já chegou a valer quase US$ 200 bilhões”.

Quando saiu da Vale, ele recebeu diferentes propostas, mas foi a Fibria (empresa criada da fusão entre a Aracruz e a VCP – Votorantim Celulose e Papel), que chamou a sua atenção. “Não foi o salário que definiu a escolha e sim o seu histórico. Ela não tinha um problema operacional, mas sim financeiro. Precisava fazer capitalização. Quando o projeto é legal e você gosta do desafio, o dinheiro vem como consequência. Com a valorização das ações da Fibria, acabei ganhando mais”.

Para Cavalcanti, o mercado está carente de executivos da área de finanças. “Em 2017, apesar de o País estar em crise e não termos ideia do futuro político, nós tivemos um aumento no número de IPOs, imagine quando a economia melhorar efetivamente”. Na opinião dele, as funções do CFO estão mudando. “Antes o acesso ao capital era um diferencial. Hoje, também é preciso saber prestar contas para todos stakeholders e observar a questão de  Compliance. Agora, com a inovação tecnológica, os CFOs necessitam de mais competências”.

Com hábitos notívagos, o executivo acredita em resultado. “Se você conseguir sair às 19h e conseguir resolver tudo, isso é ótimo. Eu costumo sair tarde quando há desafios e coisas interessantes a serem feitas. Mas não acho que as pessoas devam ficar até tarde trabalhando”, declara Cavalcanti.

Para o desenvolvimento da carreira, ele dá um conselho: “Apostem em livros técnicos. Além disso, em função do momento que atravessamos no País, é importante estudar ética”. E conclui com uma frase do pensador e filósofo chinês Confúcio: “Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você.”

 

IBEF Jovem
O IBEF SP promove encontros de mentoring, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da carreira, por meio do diálogo e do aconselhamento com líderes experientes. Agora, o IBEF Jovem é patrocinado pela plataforma Antecipa, que determina, por meio de algoritmos e análise de dados, a taxa de desconto da antecipação de recebíveis para cada transação, usando um mecanismo de leilão por meio de uma avaliação da oferta e demanda. www.antecipa.com

 

(Reportagem: Renata Passos)

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