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Derivativos na gestão de risco das empresas

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Fotógrafo: Ricardo Riberto

Diretora financeira destaca uso de derivativo com aval da gestão de risco

“Derivativos nas tesourarias das empresas” foi o assunto do café da manhã promovido pelas comissões de Finanças Corporativas e Mercado de Capitais, nesta terça-feira (16/09), na sede do IBEF SP. Rosana Passos de Pádua, diretora financeira da Companhia Siderúrgica Nacional, foi responsável por conduzir o tema.

Segundo Rosana, grande parte da sua experiência com estes instrumentos financeiros deve-se à carreira de 25 anos na Basf, onde trabalhou como diretora de Tesouraria. A filial brasileira foi a primeira da multinacional a fazer hedge, em 1997.

Rosana afirmou que o derivativo é apenas uma das ferramentas na gestão do risco. Por isso, o seu uso é recomendável somente após a definição da política de gestão de riscos da companhia, que será a “chave mestra” para o trabalho da área financeira.

Para o diretor financeiro, o grande segredo é seguir esse roteiro: identificar o risco (de onde vem), mensurar (qual o valor do risco?) e mitigá-lo (quais as ferramentas adequadas?), explicou a CFO. O derivativo entrará como um dos mitigadores do risco.

De onde vem o risco?

“É preciso identificar corretamente de onde vem o risco. E para isso não basta olhar só para exposição à dívida ou investimento. Muitas vezes, a bolada nas costas vem de outras posições que a gente não está esperando como, por exemplo, contas a receber”, destacou.

Por isso, o executivo financeiro deve se questionar, constantemente, sobre as fontes adicionais onde os riscos poderão surgir: Caixa ou balanço? Quais as outras moedas associadas à exposição? Taxa de juros? Correção monetária? Fornecedores? Contas a receber?

 

 

“Ás vezes, somos muito displicentes com o nosso ‘contas a receber’. Quais são as variáveis de risco que impactam o cliente e que eventualmente ele não terá capacidade financeira para nos pagar? Aqui tem que ter uma preocupação e uma percepção de risco muito forte”.

 

 

 

Outro exemplo são os fornecedores. “Muitas vezes, quando você vai analisar a cadeia de um fornecedor, existem muitos riscos associados. O quanto eu estou olhando para isso? O quanto eu me preocupo com a concessão de crédito quando eu assino um contrato de médio e longo prazo com um fornecedor? E se ele quebrar? Então, eu preciso olhar como ele lida com o risco dele.”

Como mensurar o risco

 A política de gestão de risco da companhia deverá explicitar quais são as bases de risco aceitáveis e quais os tipos de mitigadores admissíveis.

“Eu não posso sair cobrindo o risco da forma que eu achar conveniente. Todo mundo lembra o que aconteceu com algumas empresas brasileiras em 2008 e 2009, pois não tinham limites para fazer operações com derivativos tóxicos”, alertou Rosana.

A diretora financeira acrescentou que a política de crédito da empresa também deveria ser incorporada ao guarda-chuva da gestão de risco, principalmente para vendas a prazo.

“A política de riscos é o instrumento mais importante de gestão que a gente tem hoje dentro da área financeira”, reforçou a CFO.
Derivativos

 Existem várias ferramentas para mitigar riscos financeiros. O uso de contratos derivativos é uma delas, sendo especialmente importante para diminuição de riscos financeiros e de balanço. “São ferramentas cada vez mais sofisticadas, com métricas mais evoluídas e mais automatizadas.”, destacou Rosana.

Entre os tipos de derivativos estão: opções, swaps, forwards, futuros e sintéticos. “Muito cuidado ao eleger a ferramenta para o risco que você identificou. Se você busca proteção, não pode usar um cobertor curto.”

A diretora financeira apresentou alguns modelos de operações financeiras, utilizando dados recentes do mercado, para explicar qual seria o tipo de derivativo mais adequado para cada situação de forma a mitigar eventuais perdas.

 

 

“Gestão de risco também é balizar o nível de risco que você pode aceitar sem pagar um prêmio excessivo”, observou a diretora financeira.

 

 

 

 

Ela frisou, no entanto, que o tesoureiro não deve tentar se proteger de um risco criando outro. “Derivativo é uma operação sem caixa, então é preciso ter muito cuidado. Se a operação for mal feita, pode colocar a empresa em um grande risco.”

Um caso emblemático foram as operações com os derivativos tóxicos, entre 2008 e 2009. Empresas brasileiras utilizaram um derivativo sintético para proteger suas exportações contra a desvalorização do dólar, vislumbrando um grande ganho financeiro coma tendência de baixa por meio da venda de opção.

O problema é que elas não consideraram o risco de uma alta súbita da moeda (ocorrida com a quebra do banco americano Lehman Brothers), o que impactou fortemente o resultado das companhias.

“Você tem que tomar cuidado com os riscos que está cobrindo, pois movimentos como estes podem acontecer.”

Diligência do conselho

Rosana de Pádua reforçou que a política de riscos financeiros deve ser aprovada pelo conselho de administração da empresa e os conselheiros, por sua vez, deverão ser diligentes no acompanhamento da mesma.

 

“Eu participo do conselho de cinco empresas. Se o conselheiro não entender sobre o assunto, ele pode formar um comitê financeiro para que se sinta confortável ao tomar uma decisão. O que aconteceu nas empresas com o uso dos derivativos tóxicos foi porque os conselhos não foram diligentes. Tem que ter este comprometimento, isso é algo muito sério”, concluiu.

 

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