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CFOs de companhias abertas participam de evento com insights para melhorar as estratégias de divulgação de resultados

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O IBEF-SP promoveu um café da manhã para CFOs de companhias de capital aberto no dia 14 de abril. O encontro, realizado no rooftop do Eataly, em São Paulo, contou com o patrocínio da Totvs e da MZ e trouxe uma análise sobre a estratégia na divulgação de resultados para o mercado.

José Antonio Filippo, CFO do Grupo Fleury e líder da iniciativa de CFOs de empresas abertas no IBEF-SP, destacou a importância do grupo setorial. “Nossa ideia é trocar informações e conhecimento, debater temas de interesse das companhias abertas e, eventualmente, atrair CFOs de companhias que pretendem abrir capital em algum momento”, disse o executivo.

Ele lembrou eventos importantes já realizados pelo IBEF-SP para esse público, como encontros com presidentes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O início do evento foi marcado pela apresentação da Techfin, joint venture entre TOTVS e Itaú, ainda em validação com o Bacen, criada com o objetivo de fornecer serviços financeiros customizados para empresas. “A ideia é ter crédito mais acessível. Os clientes da TOTVS terão novo braço financeiro com todos os produtos financeiros de um grande banco, mas com um motor de crédito baseando no ERP”, explicou Ana Carolina D’Alessandro, diretora comercial e de parcerias da Techfin da TOTVS.”

Insights sobre a divulgação de resultados

Na sequência, houve apresentação da MZ, conduzida pelo CEO, PH Zabisky, e pelo CFO, Cássio Rufino, sobre os resultados do estudo “Raio-X das Datas de Divulgações e Conferências – Resultados 4T22 e 2022”. O conteúdo material mostrou a realidade sobre a concentração de conferências e desafio da gestão de expectativas do mercado. O estudo analisou a divulgação de resultados do 4º trimestre de 2022, período afetado principalmente pelo cenário de forte volatilidade.

O levantamento da MZ acompanhou 294 empresas listadas no Brasil e/ou nos Estados Unidos. A maioria delas (46,5%) possui valor de mercado entre R$ 1 bilhão e R$ 10 bilhões. Neste grupo, quase todas as companhias (99%) apresentaram receita líquida positiva no último trimestre de 2022, enquanto 75,3% tiveram um aumento de receita líquida na comparação com o mesmo trimestre de 2021.

Os dados motivaram um debate sobre a gestão de expectativas, reforçado pelas diferenças entre as previsões do mercado e os resultados efetivos apresentados pelas empresas. “Uma grande casa de análise soltou um relatório em que afirma que errou mais de 60% da margem de EBTIDA do mercado. Isso mostra um gap entre expectativa e realidade. Precisamos olhar para dentro e ver como está sendo passada a mensagem e como estamos gerindo expectativa. Um analista antes cobria um ou dois setores. Hoje ele cobre sete ou oito setores. E conseguir fazer uma gestão de expectativas deste analista é difícil”, ressaltou PH.

Concentração de divulgações prejudica análises – O estudo aponta que este problema de “acúmulo” nas análises acaba sendo potencializado pela concentração das divulgações e das conferências em um mesmo período. Das empresas analisadas, 89,6% divulgam resultados após o fechamento do mercado, contra 10,4% que divulga antes da abertura, informou Rufino.

Em relação ao mês, 72,5% das empresas divulgaram os resultados do 4T22 em março, maior concentração dos últimos três anos. Em segundo lugar vem o mês de fevereiro, com 25,6% das divulgações, seguido por janeiro e abril, ambos com 0,9%. Vale ressaltar que o período de 11 dias, entre 20 e 31 de março concentrou 36,7% do total de divulgações.

PH observou que o quarto trimestre do ano costuma ser atípico, porque as empresas têm 90 dias para fazer a divulgação de resultados. Em outros trimestres, este prazo é de 45 dias. Por consequência, 70% das empresas acabam fazendo suas divulgações de resultados na mesma semana.

“Sabemos que há toda uma questão de contabilidade e fechamento, mas cada vez que vocês divulgam resultados juntos com seus peers, ou com empresas que o analista está cobrindo, fica impossível de revisar estes resultados. Ele vai pegar os grandes market caps para revisar e o que for small cap entrará na fila”, complementou o CEO da MZ.

Antecipação gera benefícios para as empresas – O executivo aconselhou os CFOs a sempre buscar uma forma de antecipar a divulgação, para conseguir estabelecer uma melhor conexão com os investidores.

“Se você tem coisa boa para contar, divulga antes. Faz um esforço interno, porque terá mais audiência, terá quórum e pode até mesmo conseguir a divulgação do influenciador digital que fala com 5 milhões de pessoas. Vocês não falam com a pessoa física, quem fala é o agente autônomo e o influenciador digital. Então a informação que você está passando tem um intermediário e este intermediário precisa de mais tempo para entendimento”, completou.

Conferências de resultados

As conferências de resultados do 4T22 seguiram a mesma tendência, com um número recorde em março (72,4%), seguida por fevereiro (24,3%), abril (2,6%) e janeiro (0,7%). Neste caso, no entanto, há um fator agravante: o momento do dia em que os eventos são realizados, notou o CFO da MZ.

Cássio Rufino destacou que o horário das 11h apresentou a maior concentração, com 35,7%, repetindo uma tendência observada também nos últimos anos. Na sequência, o horário favorito é o das 10h, com 23,9% das calls de resultados.

Mais do que o horário, o debate principal foi sobre o formato das conferências. De 268 empresas analisadas, 57,8% optaram pela modalidade de videoconferência, em substituição à teleconferência. No início de 2020, este percentual era de apenas 7%.

O crescimento das videoconferências mostra uma tendência de transformação das divulgações em eventos de maior apelo para os investidores, quase como uma extensão do company day. Neste sentido, PH Zabisky apontou boas práticas, como a divulgação de vídeos com highlights nas redes sociais e uma participação ativa de diretores de RI, CEO e CFOs, para dar peso aos eventos.

“Ao colocarem um rosto na companhia com uma mensagem clara, vocês vão falar com os colaboradores, para os fornecedores e para os futuros investidores e investidores atuais. Isso aumenta engajamento, aumenta a quantidade pessoas físicas na base e traz benefícios para negócios que têm o B2C na veia”, sugeriu PH.

Tradução simultânea

Prática comum nos últimos anos para otimizar o tempo de executivos e analistas, a tradução simultânea das conferências também foi alvo de discussão no encontro. O grande questionamento foi: é adequado ter uma conferência neste modelo, com uma voz que não a do executivo falando para investidores e analistas estrangeiros?

Zabisky apontou uma solução para empresas que possuem uma base de investidores de fora do país. “Minha sugestão é ter a gravação da apresentação em português e inglês, ou em pelo menos um dos idiomas, e transmitir simultaneamente, seguido por um Q&A com tradução simultânea. É uma forma de respeito ao investidor e melhora o engajamento”, explica.

Gestão de expectativas

O café da manhã encerrou com uma discussão sobre os dados de target price apurados pela MZ. De acordo com o levantamento, após os resultados do 4T22, 73% dos preços alvos sofreram uma revisão para baixo, sendo 36% revisados em mais de -10%.

Para evitar variações expressivas, PH enfatizou a importância do alinhamento de expectativas, que pode ser feito por meio de mecanismos como o guidance, para situar o mercado sobre perspectivas e projeções.

“Tenha um time de RI forte e faça a gestão de expectativas antes do call de resultados. O guidance é uma ferramenta importante, mas é uma linha muito tênue, pois eu tenho que falar para o analista se a análise dele está quente ou está fria, mas sem passar um disclosure de informação confidencial”, observou o CEO da MZ.

Aproximação entre IBEF-SP e B3

Após a apresentação, o presidente do conselho de administração do IBEF-SP e CFO da Suzano, Marcelo Bacci, ressaltou o trabalho que está sendo realizado pelo instituto para aproximar e aprimorar as relações entre as empresas e a B3, bolsa de valores do Brasil, e levar conteúdo relevante para os CFOs.

Percepções dos associados – Elvira Cavalcanti Presta, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Eletrobras, elogiou a iniciativo do Instituto em ter um grupo temático específico para as companhias de capital aberto. “O evento foi excelente. Uma oportunidade muito boa de conversarmos só com o grupo de CFOs de companhias abertas, porque é um tipo de trabalho diferente de uma companhia que não tem esta exposição ao mercado de capitais. São demandas muito específicas”, destaca.

Elvira ainda falou sobre o novo desafio como membro do conselho do IBEF-SP. “Estamos com muitas ideias e com um grupo de conselheiros e diretores todos voluntários muito engajados, principalmente por ser o ano em que celebramos 50 anos do Instituto”.

Rafael Japur, CFO da Gerdau, ressaltou que foi interessante a abertura das estatísticas sobre como empresas pares e parceiras estão divulgando suas informações. “Isso, junto aos questionamentos feitos pelos outros CFOs presentes, contribuiu para refletirmos sobre como pensamos as nossas divulgações daqui para a frente e como nos comunicamos com o mercado”, ressaltou. “Sou associado ao IBEF-SP há 1 ano e meio, e estou muito contente com o nível, a profundidade e a qualidade das discussões que temos nos encontros”.

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