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CFOs analisam cenário pós-Copa

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Fotógrafo: Jacinto Alvarez

Sinal amarelo para a economia brasileira, concordou grande parte dos membros da Diretoria Vogal em almoço na última sexta-feira (22/08), no hotel Unique. Veja a seguir um resumo do que foi discutido por esses líderes, em diferentes setores.

Telecom

Interferência governamental está muito grande no setor de telecomunicações, afirmou Gilmar Camurra, conselheiro da VisãoPrev (Grupo Telefônica). A Anatel anunciou um novo leilão para o 4G (quarta geração de telefonia móvel) em setembro. Os lances somados exigirão das empresas investimento da ordem de R$ 10 bilhões, em uma tecnologia ainda pouco consolidada no país.

 

 

 

“É uma situação que desperta preocupação. Todo mundo está tentando postergar esse leilão.”

 

 

 

Seguros

Custo deverá ser o foco das empresas em 2015, avalia Ivanyra Correia, CFO de Seguros Gerais da Zurich. Esse posicionamento deverá impactar a contratação de seguros em todas as modalidades. O crescimento da inadimplência também desperta preocupação do setor.

 

 

 

“O Brasil é extremamente importante para a nossa companhia, mas a discussão sobre o plano de negócios deverá ser mais difícil.”

 

 

Siderurgia

Desaquecimento da economia dá sinais claros, afirmou Rosana Passos de Pádua, CFO da Companhia Siderúrgica Nacional. “O volume de vendas de minério de ferro foi bom, mas houve queda de preço. Já as vendas de aço caíram bastante”, lamentou. A desaceleração abalou os resultados das companhias siderúrgicas no primeiro semestre de 2014.

“O setor de aço estava mais ou menos estável, mas agora enxergamos uma tendência negativa.”

Auditoria

Cautela dos empresários em relação a 2015 foi a percepção José Luiz de Carvalho, sócio da KPMG.

 

 

“Existe ceticismo. Alguns setores vão bem, outros não, mas vejo essa expectativa de maneira geral.”

 

 

O executivo chamou atenção para os índices de desemprego estáveis, mas que começam a apresentar tendência de queda. “Vemos também mudanças de executivos no quadro gerencial das empresas.”

As expectativas pré-eleitorais também têm impacto, observou Henrique Luz, sócio da PwC.

 

 

 

“Tudo o que discutimos aqui reflete falta de planejamento, má gestão e piora dos indicadores econômicos. Mas existe também um clima negativo ligado às eleições.”

 

 

Energia

Problema sistêmico afeta o setor de energia, afirmou Luiz Pereira, CFO da Santo Antônio Energia. Decisões intervencionistas do governo, como a edição a Medida Provisória 579, somaram-se a uma conjuntura pouco favorável. Chuvas escassas, reservatórios no limite, usinas termelétricas em trabalho intermitente, preço recorde da energia no mercado spot.

 

 

 

“O setor elétrico está bastante endividado. A postergação no aumento da tarifa vai fazer com que a indústria passe a ter um ônus no insumo energia. Isso impactará o preço final para os consumidores”

 

 

Agronegócio

Acabou o super ciclo das commodities básicas, destacou Eduardo de Toledo, gestor da MSP Participações. Os preços começaram a ceder, chegando a patamares próximos de 2009. A perspectiva de safra recorde de grãos nos Estados Unidos e as dúvidas em relação ao desempenho da economia chinesa geram cautela para os investimentos em commodities.

 

 

 

“Minha sensação é que o ajuste de câmbio chegará de forma mais necessária, tornando-se questão fundamental para o próximo governo. 2015 será desafiador.”

 

Infraestrutura

Expectativas frustradas. Segundo Christiane Aché Pillar, diretora de projetos financeiros da Alstom, 2014 deveria ter sido um ano maravilhoso para a área. No entanto, o setor de energia não está sendo tratado com o cuidado necessário. Em mobilidade urbana, pouco foi feito.

 

 

 

“O pessimismo está claro em infraestrutura. O único setor com notícia boa é o de energia eólica, que está caminhando bem. Todo o resto está com muita dificuldade.”

 

 

 

TV por assinatura

Ressaca da Copa é como Victor Sichero, vice-presidente financeiro da Fox, descreve o momento do setor. Crescimento abaixo do esperado para o primeiro semestre e receitas de publicidade menores levou a uma revisão do orçamento.

 

 

“Percebemos que fomos agressivos no budget anterior e agora teremos que rever isso. A expectativa é de um crescimento menor no curto prazo.”

 

 

 

Private equity

“Ninguém vai deixar de investir por causa das eleições”, afirmou Leonardo Rocha, sócio da Admiral Capital. Ele lembrou que a indústria de private equity visa o longo prazo e os cinco maiores fundos do país tiveram captação recorde neste ano.

 

 

“Tem gente acreditando e disposta a investir no Brasil. Os fundos estão com mais dinheiro do que esperavam.”

 

 

 

 

Segundo Rocha, a dificuldade está na retenção de talentos, pois muitos jovens aprendem com a indústria e depois saem para empreender com startups.

Educação

Crescimento também vive o setor de educação, reforçou José Cláudio Securato, diretor-presidente da Saint Paul Escola de Negócios. As companhias listadas tiveram excelente desempenho este ano, o que incluiu fusões no setor. Um efeito da maior concentração tende a ser a melhoria da qualidade do ensino, devido à organização e a padronização dos processos exigidos pelas companhias de capital aberto.

 

 

“Para nossa instituição, é ótimo. Quanto mais pessoas graduadas, mais deverão fazer pós-graduação.”

 

 

 

Benefícios

Incertezas permeiam o setor de benefícios, avaliou Marcos Binder, CFO da Sodexo. Supervisionado pelo Ministério do Trabalho, o setor passou também a ser regulado pelo Banco Central – e há intenção de mudar as regras. Outro ponto crítico para as empresas é receber os pagamentos por serviços prestados aos governos, que chegam a 87 dias de atraso.

 

 

“Pela primeira vez, teremos crescimento abaixo dos últimos três anos. Somos afetados pelos indicadores de emprego e, pela fotografia atual, a tendência é de queda.”

 

 

Tecnologia

Governo demandar serviços e atrasar pagamentos é problema também para as empresas de tecnologia.

 

 

“Há projetos com verba aprovada, mas que estão travados devido ao represamento dos gastos, para que o governo possa entregar a meta de superávit”, observou Sergio Diniz, CFO da Damovo.

 

 

Pressões de custo com eletricidade e negociações sindicais são travas sentidas pela indústria, afirmou George Cavalcante, CFO do Grupo ITW.

 

 

 

“Fizemos muitas vendas no ano passado, mas há dificuldade de entregar os resultados conforme o previsto. Isso está causando bastante frustração”

 

 

 

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