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CEOs aconselham como construir networking e liderança de impacto em painel do IBEF Conecta Mulher

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Qual é o papel atual do líder? Em um mundo dinâmico, conectado e cada vez mais diverso, os requisitos para uma posição de liderança estão em transformação. Os caminhos para os líderes navegarem nesse novo contexto foram abordados no painel “Networking e Soft Skills: como construir e cultivar uma liderança de impacto”, promovido pelo IBEF Conecta Mulher, no dia 30 de agosto, com patrocínio da KPMG Brasil.

O evento contou com as participações de Erika Matsumoto, CEO da Urba, Jacqueline Conrado, country manager da United Airlines no Brasil, e Monalisa Gomes, country manager da Schauer Agrotronic para Américas, Espanha e Portugal. A mediação foi realizada por Ricardo Basaglia, vice-presidente do IBEF-SP e CEO da Michael Page. O painel teve como anfitriã Stânia Moraes, vice-presidente do IBEF Conecta.

Mais espaço para a liderança feminina

O papel das empresas em criar espaços para mais mulheres nos cargos de liderança foi destacado no início do debate. Janine Goulart, sócia-líder da área de Mobilidade Global da KPMG, trouxe dados para ilustrar este desafio. “De acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial, precisaremos de 131 anos para atingir a paridade de gênero nas posições de liderança”, observou Janine. A executiva destacou o compromisso da empresa com iniciativas para atrair, desenvolver e reter as profissionais, e a agenda de ampliar o quadro de sócias, destacando a marca de 50% de cargos de gerência ocupados por mulheres.

Ao dar as boas-vindas, a presidente do IBEF-SP, Magali Leite, ressaltou o trabalho realizado pelo Instituto, há muitos anos, para desenvolver a diversidade. “Tenho o grande orgulho de dizer que hoje praticamente metade das posições do conselho de administração e da diretoria são exercidas por mulheres. Estamos celebrando os 50 anos do IBEF-SP com recorde de inscrições nos prêmios e recorde de associados. Chegamos a esse patamar com uma construção feita por muitas mãos”, celebrou Magali.

Soft skills – aprendizado de dentro para fora

O início do painel ressaltou a importância das habilidades socioemocionais – soft skills – para a carreira. Ricardo Basaglia destacou o resultado de uma pesquisa feita pela Michael Page, que revelou que 91% dos profissionais são contratados por questões técnicas e demitidos por questões comportamentais. “Menos de 1% dos módulos de graduação são dedicados às soft skills, e elas são fundamentais para a carreira. Hard skills aprendemos de fora para dentro; soft skills é de dentro para fora”, destacou o CEO da Michael Page.

Jacqueline Conrado, country manager da United Airlines no Brasil, alertou que a falta dessas habilidades pode, inclusive, travar o crescimento para posições de liderança. “Quanto mais você cresce (em uma empresa), mais terá que resolver conflitos, gerir pessoas e provocar inovação. É preciso ter conhecimento técnico para fazer boas perguntas, mas o que vai alavancar a carreira são essas habilidades”.

A executiva destacou o quanto as soft skills foram fundamentais para os líderes durante a pandemia, evidenciando quem tinha essas qualificações. Um exemplo citado por ela foi o do próprio CEO global da United, que em meio àquele cenário de crise, se emocionou junto com o time em um call. “Sentimos que ele estava junto conosco; não precisava fingir ter todas as respostas, porque as buscaríamos juntos. Isso trouxe uma força muito importante para organização”. 

Construção do networking

O tema do networking foi abordado de diversas formas: desde a disciplina de criar uma rotina para desenvolvê-lo, sair da zona de conforto e procurar contatos em diversas áreas, até seu papel para formar uma rede de apoio.

Monalisa Gomes, country manager da Schauer Agrotronic para Américas, ressaltou que o networking é uma via de mão dupla. Começa com a construção de uma rede de apoio, na qual você identifica pessoas que podem trabalhar com coisas diferentes, mas que poderão ajudá-lo a fazer o seu melhor e vice-versa. “O networking vem do que eu posso contribuir na vida do outro e o que ele pode contribuir na minha”.

Já a CEO da Urba, Erika Matsumoto, falou sobre a necessidade de buscar ampliar o networking fora da sua área de atuação. Para a executiva, além de incentivar sair da zona de conforto, isso também faz com que o profissional identifique habilidades diferentes das encontradas no seu ambiente profissional. “Ao sair um pouco do seu mundo, é possível ampliar seus horizontes e valorizar outras soft skills. Networking é algo que você precisa pôr na agenda e manter com disciplina”, analisou Erika.

O valor do autoconhecimento

Dois temas que ganharam protagonismo no painel foram o autoconhecimento e a autenticidade. As convidadas explicaram como identificar características, motivações, habilidades e pontos de melhoria para se desenvolver.

Para ilustrar o tema, Monalisa Gomes contou um pouco de sua história. Mãe solo muito jovem e vinda da periferia de São Paulo, ela contou que teve um choque de realidade ao ingressar no mundo corporativo. A capacidade de olhar para si mesma foi essencial para a ascensão em sua carreira. “O autoconhecimento é uma ferramenta muito importante para que você entenda quem é você, quais são as suas fortalezas e pontos vulneráveis, para que você saiba como conversar e pedir apoio”.

A country manager da Schauer Agrotronic acrescentou o quanto esta habilidade a ajudou nas primeiras posições de liderança. “Quando eu me tornei líder, meu desafio foi pensar em como gostaria de ser lembrada por aquelas pessoas dali a alguns anos, e o impacto positivo que poderia gerar na vida delas. Para responder a essa pergunta, eu tive que me olhar no espelho e identificar o que eu poderia melhorar, o que eu poderia contribuir e o que da minha bagagem eu poderia ensinar”, completou.

Liderança para transformar vidas

O papel do líder na transformação das pessoas também foi destacado pelas convidadas. “Como líder, não há nada mais importante e de maior impacto do que mudar a vida das pessoas para melhor. Nós, que estamos em uma cadeira de liderança, temos essa responsabilidade. Somos muito treinados para fazer a empresa dar lucro, o que é essencial para prosperar e crescer. Mas o desafio está em mudar a vida das pessoas genuinamente e dar espaço de fala. Quando a pessoa pode ser quem ela é, ela tem outro nível de entrega e de pertencimento”, explicou Jacqueline Conrado.

Erika Matsumoto ratificou o poder da autenticidade como forma de inspirar. “Algo que impacta muito na liderança é ser você mesmo, seja, em alguns momentos, mais frágil ou forte. Isso dá muito eco. Quando o líder quer construir junto é muito mais abraçado do que temido”, afirmou.

O exercício de administrar o ego e entender o protagonismo da equipe foi o ponto abordado por Monalisa. “O lugar do líder é pavimentar o caminho e garantir que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para brilhar e performar”, salientou.

O desafio da saúde mental

Um tema muito debatido dentro das empresas, a saúde mental também esteve na pauta do encontro. Erika Matsumoto destacou o cenário de uma geração mais ansiosa, com muita informação e que ainda foi afetada pela pandemia. Para ela, o papel do líder é estar atento e quebrar tabus. “Há uma questão: como você prepara alguém para procurar ajuda? Há ocasiões em que o problema não é uma mentoria; é terapêutico. Ainda existe o tabu de as pessoas não quererem apresentar fragilidade, de mostrar que têm um problema. Nós, como líderes, temos que ficar atentos para poder ajudar”, completou.

“O líder tem que estar próximo”

A última parte do evento ressaltou o desafio dos líderes na aproximação com as novas gerações. “Os jovens não querem que você fale; eles se inspiram pelo que você faz. Uma equipe engajada gera mais resultado; e você engaja as pessoas perguntando o que as faz felizes, se elas gostam de trabalhar onde estão. Essas conversas aproximam demais. Se você se expõe de forma autêntica, consegue quebrar uma barreira de conversa e aprender como direcionar a ação para aproximar o jovem da causa”, concluiu Erika Matsumoto.

Monalisa Gomes reforçou que essa conversa tem que fazer parte da rotina do líder. “Conversar com a equipe tem que entrar na agenda. O jovem gosta de saber que o líder não é intocável; você tem que estar lá e saber como falar a língua dele”, aconselhou.

Já Jacqueline Conrado lembrou que toda a discussão sobre o papel do líder se resume a um ponto principal: o cuidado com as pessoas. “Boa parte do que a gente faz é sobre pessoas. Se a gente não cuidar de pessoas, não vamos atingir os KPIs”, finalizou.

Stânia Moraes, vice-presidente do IBEF Conecta, resume que as convidadas citaram vários pontos comuns para o sucesso na liderança e na construção de networking: autenticidade, valorização dos indivíduos, e a preocupação genuína em apoiar e ajudar a transformar vidas.

“A liderança focada na humanização e na pluralidade é a palavra de ordem. Esse foi um dos nossos aprendizados com essas executivas, que utilizam sabiamente suas soft skills para criar um ambiente mais fluido nas empresas em que atuam.  Tema que daremos continuidade em nossos próximos eventos, pois vivemos em um mundo BANI (acrônimo em inglês para Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível), conceito que tem superado o de VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo)”, conclui Stânia.

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