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Associados conhecem os bastidores do jornalismo da TV Bandeirantes no Lab IBEF Jovem de Comunicação

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Um tour pelos bastidores da área de jornalismo da TV Bandeirante e da Band News, com direito a um bate-papo com o diretor executivo de jornalismo, André Luiz Costa, com o apresentador Ricardo Boechat e com o presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Johnny Saad. Esses foram algumas das experiências vivenciadas pelos associados no Lab IBEF Jovem de Comunicação.

A visita à emissora, realizada em 8 de novembro, foi facilitada pela ibefiana Magali Leite, CFO da Band, que recepcionou o grupo de associados juntamente com Costa e o diretor de redação, Allen Chahad. Além de conhecerem de perto os processos que tornam possível a realização de um telejornal diário, os executivos de finanças também receberam dicas sobre comunicação com a imprensa e os desafios de liderança nesse meio.

O que faz de alguém um bom entrevistado –  A pergunta foi respondida pelo apresentador do Jornal da Band, Ricardo Boechat. A primeira reflexão proposta pelo jornalista, que soma 48 anos de carreira, é que o executivo em questão avalie se realmente tem a necessidade corporativa e comercial de falar com a imprensa, antes de “cutucar” um jornalista para ser assunto de matéria.

Buscar ser fonte (entrevistado) sem ter algo útil ou relevante a dizer ao público gera artificialismo e superficialidade na mensagem, alertou Boechat. Ele notou que o relacionamento com a imprensa é apenas uma parte das várias possibilidades existentes para comunicar. Com a disseminação das redes sociais, qualquer indivíduo hoje tem acesso a uma poderosa plataforma de comunicação, individualizada, para disseminar a sua mensagem.

Gostar não é o mesmo que ter o dom – Se de fato a empresa tiver assunto que mereça notícia, é preciso então buscar treinamento para o relacionamento com a imprensa. Nesse sentido, a segunda reflexão proposta por Boechat é que o fato de uma pessoa gostar de falar com os jornalistas não significa, necessariamente, que ela tenha o dom e a habilidade para esse tipo de exposição.

“Existem alguns macetes (técnicas) para ajudar na hora da entrevista, mas sobretudo é preciso que o porta-voz tenha descontração, uma naturalidade dentro de si”. Se essa espontaneidade não está em você, é melhor poupar o gasto com assessoria de imprensa ou então contratar um profissional habilidoso para cumprir esse papel, recomendou o jornalista.

Boechat também ressaltou um fato essencial: o jornalista gosta de quem tem notícia. “Todos os dias ele recebe uma massa monumental de informações relevantes e irrelevantes, que sequer tem tempo para digerir. Disputar esse mercado com conteúdo de pouca relevância é fatal. Você vai gastar dinheiro e o seu conteúdo pode ir para onde 90% dos outros vão: o lixo”.

Outra dica do apresentador para estabelecer um bom relacionamento com a imprensa é cultivar um jornalista com pautas relevantes para ele. “É um ponto positivo, porque ele vai te colocar no radar como fonte. É bom fazer esse cultivo e deixar fluir com base em notícia, informação”.

O encontro contou também com uma breve participação de Johnny Saad, presidente do Grupo Bandeirantes, que comentou os desafios do atual momento econômico do país. “Muitas empresas foram vendidas ou fechadas”, observou. “As companhias que sobreviverem a esse cenário terão mais espaço para crescer no futuro”.

Uma carreira em comunicação – O diretor executivo de jornalismo da Band, André Luiz Costa, compartilhou as experiências de sua trajetória profissional e as características fundamentais para exercer uma posição de liderança em um grupo de comunicação.

Formado em Jornalismo pela USP, Costa iniciou sua carreira no Grupo Bandeirantes em 1998, como estagiário, e foi galgando posições de liderança. Em 2005, ele recebeu o desafio de criar a Band News FM, uma rádio que teria foco em mulheres e jovens, enquanto as emissoras concorrentes cultivavam um público predominantemente masculino e envelhecido.

“A Band News FM é um projeto do qual me orgulho. Trabalhamos a criação da rádio a partir do zero: desde selecionar as pessoas a imaginar a programação”, contou o jornalista. Na época, Costa tinha apenas 27 anos de idade, e foi incumbido da direção de jornalismo da rádio.

Quebra de padrões – O executivo conta que muitas coisas o assustaram nesse desafio. Ele recordou as críticas que ouviu na época, por ter uma proposta bastante inovadora. “Quando colocamos a rádio no ar, algumas pessoas falaram: ‘mas isso não é uma rádio de jornalismo’. Eu acho que por esse motivo deu certo, porque era um modelo para quebrar com os padrões que todo mundo conhecia”.

Dentre as inovações realizadas, o time da rádio mesclou jovens advindos de outros veículos, com abertura para executar multitarefas, e profissionais experientes de rádio em postos-chave. Outra mudança relevante foi o empoderamento do locutor, que passou a exercer o controle da mesa de som e, posteriormente, ganhou acesso às redes sociais para receber as mensagens dos ouvintes. A equipe foi treinada para que qualquer um pudesse exercer as atividades necessárias para colocar o noticiário no ar. “Tudo isso nos possibilitou ter uma redação menor, remunerando melhor os profissionais”.

Como resultado, a emissora conseguiu operar com um terço dos custos de um modelo convencional, tornando-se mais rentável rapidamente. A proposta de um jornalismo ágil, que pauta os assuntos que impactam o dia a dia das pessoas e preza pela interatividade com o ouvinte cativou o público. Logo os números cresceram. Hoje a Band News FM possui uma audiência três vezes maior que os concorrentes aos domingos, por exemplo, informou o diretor.

Outro marco na carreira do executivo foi quando recebeu o convite para assumir a direção de jornalismo do canal Band News TV. “Ouvi novamente aqueles comentários: ‘não é assim que se faz TV’”, contou. “Hoje, quando escuto esse tipo de coisa, eu penso: estou no caminho certo, vou apostar”, comentou o diretor, com bom humor.

No segmento televisivo, uma mudança importante foi a integração entre o canal Band News TV, de notícias 24 horas, e a TV Bandeirantes. “Antes, tínhamos duas operações separadas. Quando integramos, passamos a ter uma só organização, sob a mesma chefia e os recursos foram otimizados”, contou o diretor. “Notamos não só uma melhora da comunicação com as equipes, mas também da empatia entre os profissionais, pois começamos a fazer trocas entre as redações. Entender o outro lado ajudou os dois canais a ganhar conteúdo e economizar esforços”.

Capacidade de adaptação – Costa ressaltou a importância de manter um diálogo afinado com todos os times para garantir o êxito dos programas. “Por exemplo, no Jornal da Band, temos os jornalistas na redação, os apresentadores, os profissionais no switcher, os câmeras etc. Toda essa operação fragmentada exige boa comunicação para que tudo aconteça bem. Quando há erros em alguma dessa parte, geralmente ocorre um efeito cascata”.

O diretor explicou que sua rotina envolve diálogo com diferentes profissionais: executivos da alta gestão, apresentadores, engenheiros, operadores de câmera. “Essa é uma qualidade importante para quem está na posição executiva: ter habilidade para adaptar a sua comunicação, ao longo do dia, conforme o interlocutor. É preciso também saber dosar a mensagem e ouvir, sem querer impor o seu ponto de vista para o outro. Vejo-me como um facilitador para as coisas acontecerem”.

O trabalho também demanda a capacidade de conviver com o imponderável e alinhar diferentes visões, considerando os interesses empresariais e a missão do jornalismo – especialmente para a preparação de editoriais sobre temas sensíveis. “A Band é uma das poucas emissoras que vem a público emitir seu posicionamento”.

Ao comentar os bastidores de fazer TV, ele explicou que a cobertura de fatos previsíveis, como o dia de uma eleição presidencial, e especialmente dos imprevisíveis, como o rompimento de uma barragem em Mariana (MG), envolve diversas complexidades. “Nesse último caso, por exemplo, você precisa conversar e convencer o repórter sobre o fato de ele ter de viajar de última hora, liberar os recursos necessários com a área financeira, coordenar os aspectos operacionais… Ter estratégias para lidar com a imprevisibilidade é importante para o dia a dia. E, claro, saber como agir para colocar isso no ar o mais rápido possível”.

Ao final do bate-papo, o diretor ressaltou a importância da credibilidade para o jornalismo: o compromisso de ser transparente com o público, corrigir erros e se posicionar. Ele também comentou as ações da empresa para combater o fenômeno das “fake news”.  Um exemplo foi a participação no Projeto Comprova, iniciativa que reuniu as redações de 24 veículos com o objetivo de combater a onda de desinformação nas redes sociais durante as eleições.

Por isso, já existem movimentos dentro e fora do Brasil que visam capacitar os cidadãos para desenvolverem as qualidades que regem a atividade jornalística, como a necessidade de primeira pesquisa, apuração de fatos e desenvolvimento do pensamento crítico. “Talvez o único caminho para combatermos esse fenômeno é a educação”.

O diretor também deixou aos jovens uma recomendação de leitura, a obra “Originais: Como os Inconformistas Mudam o Mundo”, de Adam Grant, que traz a mensagem da coragem e ousadia para inovar. E também sugeriu um filme “O Palácio Francês”, dirigido por Bertrand Tavernier, que traz a mensagem da importância de adaptar a comunicação conforme o seu interlocutor.

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