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CFO em cenário de crise econômica

Executivos compartilham experiências em Seminário do IBEF Jovem.

Fotos: Mario Palhares

Quais lições o líder de finanças pode aprender com uma crise econômica? Quando avaliam um jovem profissional, quais habilidades os CFOs mais valorizam?

Essas e outras questões foram respondidas pelo CFO da Natura José Roberto Lettiere, o CFO da Cielo Clóvis Poggetti Jr. e a sócia da PwC Luciana Medeiros durante o Seminário do IBEF Jovem.  O evento teve o patrocínio da PwC e reuniu cerca de 100 pessoas no auditório da sede do IBEF-SP, na noite de 25 de junho.

Os depoimentos dos executivos deixaram claro que tão importante quanto entender o cenário de uma crise é identificar o que se pode aprender com ela.

Inteligência emocional e atitude

“Vejo a crise como uma oportunidade. A crise é fundamental para o profissional financeiro criar casca; faz a pessoa se desenvolver e buscar conhecimento”, afirmou Clóvis Poggetti Jr.

Ele destacou os aprendizados que obteve a partir de cada crise. Na maxidesvalorização do real em 1999, viu a empresa em que trabalhava entrar em situação pré-falimentar do dia para a noite por conta da dívida em dólares. Ele aprendeu a importância do controle e da inteligência emocional enquanto observava o CEO lidar com os credores na mesa de negociação.

Em 2004, quando topou o desafio de trabalhar em uma startup de telefonia, teve que desenvolver características como flexibilidade, resiliência e orientação para o negócio. Quando a empresa foi absorvida por uma gigante do setor de telecomunicações, foi preciso manter o otimismo para começar de novo. Em 2010, já na Cielo, comunicação e persistência foram habilidades muito testadas quando a Companhia adotou uma estratégia que poderia ocasionar a perda de clientes, mas a “livraria” de uma guerra de preços.

“Competência é o produto de conhecimento, habilidade e atitude. Um multiplica o outro. Se você tem conhecimento e habilidade, mas não tem atitude, é o mesmo que multiplicar os outros dois por zero. Não é suficiente”, ensinou.

Aliás, atitude é a principal qualidade que Poggetti observa em um profissional. “É mais fácil deixar de contratar alguém por falta de atitude do que por falta de conhecimento técnico. O conhecimento você ensina, atitude não”.

Cercar-se de pessoas mais inteligentes e tentar aprender com elas foi outra dica de Poggetti para os jovens profissionais.

Trabalho e antecipação

José Roberto Lettiere, por sua vez, disse que o principal aprendizado é trabalhar muito. Ele lembrou que em 1998, quando o país vivia a hiperinflação com preços disparando 40% ao mês, era difícil prever o que poderia acontecer no dia seguinte. O cotidiano do líder de finanças era proteger a margem de contribuição e aplicar o dinheiro no overnight.

“O (executivo) financeiro tinha que ser criativo em um cenário de pressão. Qualquer decisão equivocada tinha um grande peso para a organização”, afirmou Lettiere.

Outra lição aprendida por Lettiere com as crises foi que estar antenado e antecipar movimentos faz toda a diferença. Em 2000, quando ocupava o cargo de CFO para a América do Sul, ele teve a árdua tarefa de convencer os líderes de uma multinacional a converter o caixa da operação argentina para dólares, em um momento em que o peso gerava mais rendimentos para a companhia. Ele antecipava que a maxidesvalorização que havia abatido o Brasil um ano antes poderia se replicar no país vizinho. Valeu a pena seguir a intuição e fazer uma boa análise de risco. Em 2001, quando a maxidesvalorização fez seus estragos na Argentina, a companhia estava protegida.

Uma diferença importante entre as crises do passado e a atual, observou Lettiere, é que hoje existem muito mais variáveis a serem administradas. Isso exige que o CFO esteja muito mais antenado em relação à tecnologia.

Para o CFO, a capacidade de bem comunicar é outro atributo importante para a nova geração de executivos financeiros. “Hoje temos que ser influenciadores. Para isso, é preciso saber comunicar de forma simples, fazendo uma síntese das informações mais importantes, e saber a quem transmitir essa mensagem”.

Otimismo e liderança

Responsável por mediar o debate, a sócia da PwC Luciana Medeiros também elencou as qualidades que valoriza ao contratar novos talentos. “Sempre busco profissionais que tenham otimismo e atitude para buscar soluções diferentes”.

Luciana também ressaltou a importância do papel do líder para manter a equipe motivada e dar o feedback necessário. Bem-humorada, comentou que a primeira coisa que costuma falar para o seu time, assim que chega ao escritório, é: “sinto cheiro da vitória”. A frase ficou tão marcada que os profissionais chegam a perguntar se está tudo bem nos dias em que ela esquece.

“A PwC faz questão de patrocinar o IBEF Jovem porque temos uma grande preocupação com a formação profissional. Recebemos 500 trainees por ano e está no nosso DNA buscar soluções inovadoras. Como foi colocado aqui, ter atitude é um diferencial quando se fala em prestação de serviços”, reforçou.

O líder do IBEF Jovem, José Vinicius de Oliveira, destacou que o evento atraiu muito interesse porque existe uma geração de profissionais que até então não tinha vivenciado uma grande crise econômica.  “Foi uma grande oportunidade ouvir profissionais experientes e saber como eles lidaram com esses momentos”.

Oliveira garante que o IBEF Jovem já está pensando em novos eventos, tão interessantes quanto este, para o segundo semestre.

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