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Almoço da Diretoria Vogal

Atenção à gestão do caixa e redução de custos são palavras de ordem entre os CFOs para enfrentarem o cenário desafiador

Fotos: Ricardo Riberto

O cenário econômico é difícil, todos concordam. No entanto, há perspectiva positiva com os ajustes econômicos em curso. Apresentando composição renovada e maior representatividade feminina, a Diretoria Vogal realizou seu encontro na última sexta-feira (22). O evento foi patrocinado pela Netpoints e contou com a presença de 35 altos executivos.

Marco Castro, sócio da PwC e 1º vice-presidente do IBEF SP, iniciou o almoço com os resultados da pesquisa IBEF, realizada periodicamente junto aos membros da Diretoria Vogal. A enquete é um termômetro das expectativas dos principais líderes de finanças em relação ao ambiente de negócios.

Confira os resultados:

Para a maioria dos pesquisados, o final de 2015 registrará: Câmbio entre R$ 3,20 e R$ 3,30; Taxa Selic em 13,5%; Inflação entre 8 e 8,5%; e PIB com resultado negativo.

Desafios e oportunidades

O varejo foi uma das principais vítimas da desaceleração econômica. O aumento do desemprego e a maior restrição para obter crédito frearam a intenção de compra do consumidor. Em abril, o setor cresceu apenas 1,1%, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado, beneficiado por dois feriados do mês (Páscoa e Tiradentes). Sem esse efeito do calendário, o crescimento teria sido 0% frente ao resultado do ano passado. Acompanhando a desaceleração, a previsão de crescimento para o mercado de adquirência neste ano é de 10%. “Nunca, na história desse país, esse mercado cresceu tão pouco”, afirmou Clovis Poggetti, CFO da Cielo.

No setor de adquirência, fatores como o maior número de concorrentes (hoje são 8 players disputando fatias do mercado) e as mudanças regulatórias previstas para este ano (perda de exclusividade entre bandeiras e adquirentes) não desanimaram a companhia. Pelo contrário. Como o uso de cartões como meio de pagamento ainda tem baixa penetração no país, representando apenas 29% das transações, existe uma grande oportunidade no longo prazo. A expectativa é que em 10 anos atinja 40% “Nosso principal concorrente ainda é o dinheiro”, disse Poggetti. Esse efeito da substituição, ou seja, mais pessoas utilizando o cartão e menos o dinheiro, ajudará a compensar o cenário econômico mais fraco e o mercado mais competitivo.

Vitor José Fabiano, CFO do Grupo SBF (Centauro), rede de lojas de artigos esportivos, mostrou otimismo. As lojas do Grupo registraram um crescimento de 8,4% de volume de vendas no primeiro trimestre do ano. No entanto, Fabiano reconheceu que 2015 será um ano difícil para o varejo como um todo, em função da desaceleração no consumo, maior dificuldade de crédito e o aumento do custo de produtos importados, que tem sido repassado nos preços. Uma das apostas da companhia é o e-commerce, que hoje representa 15% das vendas. Mesmo em um cenário mais difícil, a previsão é que esse canal de vendas apresente crescimento de 20% no ano.

Flávio Donatelli, CFO da Duratex, disse que 2015 não está sendo o melhor dos anos. A companhia possui duas divisões de negócios: a Deca, responsável pela fabricação de louças e metais sanitários e acessórios, e a Madeira, responsável pela fabricação de painéis feitos a partir de pinus e eucalipto. Donatelli ressaltou que o setor de construção civil tem sofrido bastante e a perspectiva é redução das vendas de produtos relacionados. Já a divisão de painéis tem se mostrado resiliente e a expectativa é repetir os resultados do ano passado. “Sem dúvida, este é um ano para olhar caixa e custos”, afirmou o CFO.

Mas quem disse que 2015 não é um ano de oportunidades? A Duratex anunciou em março a compra da Ducha Corona, fabricante de chuveiros e torneiras elétricas. O negócio será importante para diversificar o portfólio de produtos oferecidos ao consumidor. “Com esta aquisição, seremos o segundo maior player do mercado. Nossa perspectiva é dobrar a participação nesse segmento”, afirmou Donatelli. “O cenário econômico é difícil, mas também traz possibilidades. É preciso buscar as oportunidades”, completou.

Governo e iniciativa privada
O setor naval brasileiro não vai nada bem. Esta é a análise de Sergio Diniz, sócio-fundador da Triple A Advisor, focado atualmente na reestruturação de empresas do nicho. A complexidade do cenário econômico e político, com escândalos envolvendo a Petrobras, congelou o crédito para a indústria naval. Cada vez mais pressionadas, as empresas do setor realizaram muitas demissões. Para completar, comentou, há recursos aprovados pelo Governo, por meio do Fundo da Marinha Mercante, que não estão sendo repassados pelos bancos para as companhias, por receio dos desdobramentos das investigações. “Criou-se uma paralisia no setor”. De acordo Diniz, a morosidade do Governo em tomar as atitudes necessárias para resguardar o setor da crise aumenta o risco de que haja um retrocesso na indústria naval.

Já outros setores acenam positivamente para uma menor intervenção. O setor de energia, ainda combalido pela crise hídrica e os efeitos da enxurrada de medidas regulatórias, parece apontar para um caminho de equilíbrio. Eduardo de Toledo, diretor do MSP Fundo de Investimento em Participações, observou que os leilões têm sido preservados e um certo realismo tarifário vem sendo colocado. “Neste momento em que o Governo está enfraquecido, começa a aparecer um lado mais positivo de apoio aos negócios e à iniciativa privada. É uma reversão em relação ao cenário anterior, em que havia um viés mais ideológico de intervencionismo”.

Toledo disse que há um movimento de players internacionais interessados em fincar operações no país. No entanto, existem inúmeros desafios de curto prazo para o setor. Entre eles, a pauta da revisão tarifária das distribuidoras.

Christiane Aché, diretora de Projetos e Financiamento de Exportação da Alstom, concorda que houve uma mudança radical no paradigma de nacionalização que vinha sendo defendido pelo Governo. No entanto, essa “migração” para iniciativa privada precisa ser avaliada com muito cuidado. A executiva destacou que no setor de energia, o consumo está caindo, o preço subindo e a necessidade existe. Esses elementos, contraditórios entre si, devem gerar sérias consequências no futuro. “Existe uma grande ambiguidade em você querer que o mercado vá para uma privatização quando os elementos principais para isso, como o marco regulatório do setor e a agência reguladora, entre outros, estão enfraquecidos. Existe uma contradição”.

Apesar de a companhia estar muito bem no mercado, ela tem sentido grande dificuldade na cadeia de fornecedores. Um ponto de atenção levantado por Christiane está no setor eólico. Pressionados por dificuldades financeiras, fornecedores têm feito demissões em massa.

Na outra linha de negócio, transporte urbano, há necessidade de investimentos extremamente elevados e o cenário é de inoperância em relação ao marco regulatório. Mesmo assim, a companhia inaugurou em março deste ano uma fábrica de VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) em Taubaté (SP), a primeira da América Latina. “Investimos porque acreditamos que é indispensável para o país e pretendemos continuar assim”. A executiva defendeu mais projetos de PPP, lembrando que o Estado está com sua capacidade de investimento reduzida, em função do necessário ajuste fiscal.

Planejamento e antecipação

Simone Borsato, CFO da Elektro, terceira maior distribuidora de energia do estado de São Paulo, concordou que há uma postura diferente por parte do Governo, positiva para o setor. Ela destacou que as distribuidoras tiveram uma importante vitória em 2014, com relação ao reconhecimento de ativos e passivos regulatórios em seus relatórios financeiro-contábeis.

Contudo, o desafio da gestão de caixa permanece. De acordo com Simone, esse problema foi agravado por uma combinação de queda no consumo no canal industrial (bastante afetado pelo menor nível da atividade econômica) e aumento da inadimplência. “Algumas empresas tiveram aumento de quase 80% na conta de energia e houve não pagamento. É uma preocupação para o setor”.

O risco de liquidez é muito importante para o setor. Por isso, antecipar-se aos movimentos e ter um bom planejamento é o que realmente fará a diferença para as empresas, completou Simone. Como a receita da companhia é estável, ela tem feito uma gestão muito próxima dos custos para manter a rentabilidade e entregar os resultados esperados pelos acionistas.

A CFO também procurou diversificar as linhas de financiamento. “Fizemos captações importantes, nos momentos certos e com preços atrativos. Trouxemos novos parceiros e buscamos linhas de financiamento de longo prazo”. Como resultado, a empresa desenvolveu uma linha de 12 anos com o Banco Europeu de Investimento e também fez parcerias com bancos japoneses. “O segredo é planejamento e se antecipar aos movimentos”, reforçou Simone.

Indústria: incerteza em relação ao futuro

Vera Bermudo, controller para América latina da General Electric, com foco em Óleo e Gás, disse que a perspectiva para 2015 é boa. Contratos com grandes empresas governamentais da indústria, como a Petrobras, foram mantidos. Com isso, a GE, que teve backlog recorde em 2014, deve crescer dois dígitos neste ano. Contudo, existe incerteza em relação aos contratos para os próximos anos. Frente a um cenário que demanda cautela, a executiva disse que já estão sendo tomadas medidas conservadoras, como ajustes na área laboral e desmobilização de forças de investimentos que estavam previstas para este ano. “Estamos segurando um pouco, aguardando o que efetivamente vai acontecer”.

Rogério Menezes, diretor financeiro da AkzoNobel PPC, não trouxe boas notícias do setor químico. De acordo com a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), a utilização da capacidade instalada do setor atingiu pior nível da história em 2014, registrando o patamar de 79% (o padrão é entre 87% e 90%). No primeiro trimestre de 2015, houve queda na produção (- 1,87%), nas vendas internas (-1%) e na demanda interna (-0,5%). As importações recuaram 5,7%. Segundo Menezes, os resultados estão conectados ao menor nível da atividade econômica. Quando há desaceleração, a indústria aproveita o momento para aumentar a frequência de paradas para manutenção.

Para Menezes, o cenário é de precaução e há incerteza em relação ao futuro. Os problemas de infraestrutura e de energia elétrica afetam diretamente a competitividade das indústrias de capital intensivo. “Em 2014, a gente viu um cenário ruim. O ano de 2015 tende a ser igual ou talvez até pior para o setor químico”.

Em relação à sua companhia, a AkzoNobel, a perspectiva é mais otimista, especialmente na ponta do negócio que atende à indústria de celulose. Como o Brasil possui grandes vantagens competitivas para a produção da matéria-prima, players mundiais continuam a trazer suas operações para cá e fazer investimentos. Como o preço do produto é conectado ao dólar, a empresa está conseguindo fazer boas margens. Trata-se de uma corrente positiva na maré de dificuldades que o cenário químico nacional enfrenta.

Momento decisivo

Caio Moraes, CFO e diretor de RI da Mahle Metal Leve, empresa de autopeças, comentou o momento da indústria automotiva. Moraes afirmou que o setor está muito mal e provavelmente é o mais afetado pela crise. Com a depreciação do real e o fim do ciclo de políticas de subvenção do Governo, o setor vê-se frente a inúmeros desafios. Entre eles, os altos níveis de inadimplência, o endividamento das famílias, e, consequentemente, a retração no consumo.

“Este é um ano de ajustes. A indústria está adequando estoques, fazendo muitos programas de lay-off e de demissão voluntária. O setor de autopeças acaba sofrendo as mesmas consequências e tomando medidas similares… É um ano meio perdido”.

Para Moraes, a recuperação deve ocorrer a partir de 2016, dependendo de quão rápido forem feitos os ajustes econômicos e fiscais que o país necessita. Contudo, a análise do CFO não é pessimista. Ele acredita que a indústria está passando por um momento de transição, que iria acontecer cedo ou tarde. No entanto, ele alertou que o país precisa aproveitar o momento para decidir onde se posicionará na cadeia competitiva global: ou se alia às nações que têm mão de obra barata e eficiente ou então aos países que têm tecnologia e investem em inovação.

Em relação à sua companhia, Moraes disse que o problema foi amenizado porque as peças são para reposição ou exportação. Ele completou que a empresa tem feito ajustes na produção e procurado acelerar programas de automação para ganhar eficiência.

Rosana Passos de Pádua, CFO da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), informou que as coisas não vão bem no setor de siderurgia. As principais indústrias da cadeia de fornecimento, como a automotiva e a de construção civil, foram duramente atingidos pela crise. No setor de mineração, a queda vertiginosa do preço do minério de ferro está levando algumas empresas a pararem a produção. Tornou-se inviável.

Menos otimista, a CFO reforçou que, além a gestão de caixa, a maior preocupação está na cadeia: há um enfraquecimento generalizado dos balanços dos clientes. Os balanços são analisados para que a companhia possa decidir se continuará concedendo crédito. Segundo Rosana, os balanços de 2014 foram muito ruins e houve um aumento da inadimplência no último trimestre. “Sentimos que agora, entre abril e maio, os indicadores de inadimplência continuaram crescendo”.

Private Equity

Em relação à indústria de private equity, Leonardo de Paiva Rocha, sócio-diretor da Admiral Capital Partners, contou que os grandes fundos estão investidos, mas não estão fazendo negócios. A última grande notícia, divulgada em abril, foi a compra de uma fatia relevante da rede de hospitais D’Or pelo fundo Carlyle. Segundo Rocha, muitos fundos captaram no final do ano passado e estão esperando o cenário deteriorar um pouco mais para comprar melhor.

Outro fato destacado pelo executivo foi a parceria formada entre a Angra Partners e o Cerberus, um dos maiores fundos globais de distressed assets (ativos podres). “Não chega a ser um fundo abutre, mas a presença deles aqui no Brasil é um sinal claro de que muitos negócios que acontecerão podem vir a ser interpretados como distressed assets”.

Rocha também comentou um pouco sobre o setor de viagens e turismo. Ele é membro do Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria do Hotel Urbano, empresa de e-commerce que atua como agência de viagens. Após experimentar um crescimento vertiginoso, praticamente dobrando de tamanho a cada ano, a empresa sentiu uma desaceleração significativa no primeiro trimestre de 2015. “É fácil entender: a gente vê desemprego aumentando, massa salarial caindo, inflação alta, dólar alto… Essa combinação de fatores afeta significativamente o negócio de viagens e turismo”.

Outro ponto de atenção é que os investidores financeiros estão com menor apetite por ativos brasileiros. O sócio-diretor da Admiral Capital contou que em um road show recente vários investidores declinaram a participação sem mesmo saber qual era o ativo. A justificativa deles foi de que o Brasil está fora do escopo para os próximos meses. “O desafio para quem está acessando o mercado agora é superar esse pessimismo, essa imagem negativa em relação ao Brasil, e mostrar a qualidade dos ativos individuais”.

Fazendo um contraponto, Sérgio Diniz, da Triple A, argumentou que os investidores chineses continuam vendo oportunidades no país. Um exemplo recente, noticiado no dia 19, foi a compra de 80% do banco brasileiro BBM pelo chinês Bank of Communications (BoCom). “Vamos começar a nos acostumar com a ideia de ter mais investimento chinês. É um contraponto aos investidores que estão com aversão agora; sempre existe algum com apetite diferenciado”.

Mudança de portfólio

Gabriela Gaytan, CFO da IBM Brasil, ressaltou que o dólar valorizado é um desafio para a indústria de tecnologia, que depende em boa parte de componentes importados. “É um desafio continuar a parte de transformação das estruturas das companhias com um custo que se elevou em função da variação cambial”. Felizmente, há perspectiva de estabilidade do dólar no patamar de R$ 3,10 até o final de 2015, o que diminui os receios de volatilidade.

Outro grande desafio está na parte de cash flow. “Vejo companhias muito preocupadas com o tema do caixa, pois é um componente crítico”, comentou a CFO.

O mercado de tecnologia tem registrado forte crescimento – em média 50 a 60% no mundo e 30 a 40% no Brasil. Gabriela explicou que a tecnologia está passando por uma transformação, especialmente na parte de mobilidade e cloud computing (computação em nuvem). “O tema da mobilidade, por exemplo, ajuda muito na redução de custos. Sem dúvida, é um investimento no início, mas traz diversos benefícios. ”

Paulo Mendes, CFO da SAP Brasil, concordou que há uma grande mudança do portfólio em andamento. Como grande parte das empresas já conta com sistemas ERP e todo o back office, que exigiram investimentos mais pesados, o foco agora são investimentos menores em outros tipos de tecnologia, como mobilidade, cloud, softwares analíticos e soluções de pagamento por subscrição, que proporcionam decisões de investimento mais rápidas.

Mendes destacou que o primeiro quarter da SAP foi forte, com crescimento de duplo dígito no Brasil. Além de ter observado uma significativa mudança de portfólio, a fornecedora de tecnologia continua investindo em seu laboratório de desenvolvimento de software, situado em São Leopoldo (RS). O empreendimento conta com 600 pessoas focadas no desenvolvimento de novas tecnologias para o Brasil e o resto do mundo.

Em busca da estabilidade

O mercado global de aviação também enfrenta desafios, destacou o CFO da Embraer José Antonio Filippo. Na linha de negócios da aviação comercial, a companhia conseguiu um nicho no mercado americano, aproveitando o momento de renovação de frota. Contudo, os mercados da Europa, da Ásia e do Oriente Médio estão parados. “Tivemos atividade estável nos últimos três anos e também ficaremos estáveis em 2015, em termos de receita. O desafio é ter ordens para cumprir a produção nos próximos anos”.

A companhia está desenvolvendo um novo jato da família E2, a ser entregue em 2018. Os investimentos são de cerca de US$ 2 bilhões. “O grande desafio é a gestão do fluxo de caixa. Normalmente, estamos nos financiando com emissão externa, de 10 anos, pois no Brasil você não consegue linhas tão extensas e o ciclo do nosso produto tem uma fase importante de grande investimento”.

Na aviação executiva, a demanda caiu desde o estopim da crise, em 2008, e ainda não se recuperou. Filippo observou que as empresas têm aumentado a fase de manutenção das aeronaves. Se um avião corporativo costumava ser trocado a cada cinco anos, agora esse ciclo aumentou para 10.

Dentro desse cenário de menor demanda, a estabilidade é vista como algo positivo. Como o produto da companhia é dolarizado, o câmbio tem favorecido o negócio. Já o aumento dos custos operacionais e a difícil negociação com os sindicatos, que pressionam por reajustes salariais acima da inflação, são desafios no cenário interno. “Nosso foco hoje é fluxo de caixa e redução de despesas. O ambiente é muito competitivo e há pressões por parte de fornecedores e clientes, mas temos conseguido fazer uma boa gestão para ter estabilidade”.

“Tragam as crianças para casa”

Mario Mafra, CFO da Wheaton Brasil Vidros, afirmou que 2015 e 2016 estão se desenhando de forma complexa. A empresa atua no setor de embalagens de vidro, principalmente para a indústria de perfumaria e indústria farmacêutica. Apesar de ter experimentado uma trajetória de crescimento dois dígitos no passado recente, o mercado é afetado pela má performance do varejo. As vendas para os Dia das Mães tiveram um desempenho abaixo do esperado e as perspectivas não são muito boas até mesmo para o Natal, que costuma ser uma das datas comemorativas mais importantes para o setor. “Fabricação de vidro é uma atividade de capital intensivo e todo o setor está sofrendo bastante”.

Sempre espirituoso, Mario Mafra afirmou que, nesse momento, a gestão da empresa se inspira nas frases de dois gurus improváveis: o músico Paulinho da Viola e o ferrarista Jean Todt, atual presidente da Federação Internacional de Automobilismo. Em relação ao primeiro, o verso vem do samba “Argumento”: “faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”. Mafra explicou que essa tem sido a postura da companhia em relação a custos e investimentos. A segunda é o código que Jean Todt dizia aos pilotos, quando a ordem era para não se arriscarem mais até o final da corrida: “Meninos, tragam as crianças para casa”. “No nosso caso, as crianças são o caixa. Estamos colocando todo o caixa que podemos para dentro para conseguir passar por essa tempestade”, completou Mafra.

Encerramento

Keyler Carvalho Rocha, vice-presidente do Conselho de Administração, foi responsável por fazer os comentários finais: “Quando eu li a pesquisa, antes de começar o almoço, fiquei preocupado porque havia um forte tom de pessimismo. No entanto, saio daqui aliviado porque vejo que existem pontualmente vários aspectos positivos. E mesmo para os negativos há previsão de melhora adiante. Evidentemente, esperamos que isso ocorra”.

O 1º vice-presidente do IBEF SP Marco Castro agradeceu a presença dos executivos. “É um prazer dividir esse momento com vocês, que é de grande aprendizado para todos. Obrigado pela presença e também agradeço a Netpoints pelo patrocínio”.

 

 

Marco Castro recebeu uma homenagem por seu aniversário, celebrado no dia.

 

 

A opinião de quem veio pela primeira vez

“Como primeiro encontro, eu achei sensacional. O nível de pessoas aqui envolvidas… São profissionais de mercado e as contribuições deles foram extremamente relevantes. É interessante a gente ver os contrapontos, representantes de determinadas indústrias otimistas com o momento que o Brasil está vivendo, outros já nem tanto… A troca de visões que a gente tem em encontros como esse é muito importante. Fiquei muito feliz de ter participado e contem comigo para os próximos! ” Vera Bermudo, controller da GE para a América Latina (Óleo e Gás).

“É uma excelente oportunidade não só de networking, mas também de atualizar os conhecimentos. Eu achei interessante o formato do almoço. Fala-se sobre o Brasil, perspectivas setoriais e isso realmente abre a nossa visão”. Caio Moraes, CFO da Mahle Metal Leve

 

Palavra do Patrocinador

“O Almoço da Diretoria Vogal é uma experiência muito rica porque você consegue ouvir a visão de diferentes segmentos que não são aqueles com os quais você lida no dia a dia. Então, traz uma visão bastante ampla da economia nacional como um todo e a opinião de quem está gerindo o caixa, bem objetiva e realista. Este é um ano preocupante para todos, mas a grande maioria das indústrias aqui também estão muito conscientes das oportunidades. ” Ricardo Manhães, vice-presidente comercial e sócio-fundador da Netpoints.

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