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A importância de um MBA/Mestrado para o executivo financeiro

Redação: Débora Soares
Fotógrafo: Ricardo Riberto
 
 

MBA ou mestrado? Fazer uma pós-graduação no Brasil ou no Exterior? A incerteza em relação a qual caminho seguir é comum entre os jovens executivos. Para auxiliá-los nesta escolha, o Seminário IBEF Jovem convidou profissionais reconhecidos que trilharam diferentes caminhos e conseguiram, igualmente, construir carreiras bem-sucedidas. O evento aconteceu na noite da última quarta-feira (10/09), na sede do IBEF SP, e teve o patrocínio da PwC.

O time de convidados foi composto por: Mário Mafra, CFO da Wheaton Brasil Vidros; Luciana Medeiros, sócia da PwC; Leonardo Rocha, sócio-diretor da Admiral Capital Parners; Camila Securato, diretora comercial e de marketing da Saint Paul Escola de Negócios, e Henrique Bessa, diretor da divisão de Finanças da Michael Page.

Luiz Roberto Calado, diretor da BRAiN Brasil Investimentos & Negócios, foi o moderador do debate. Felipe Guarnieri, líder do IBEF Jovem, foi responsável pela organização, a apresentação e o encerramento do evento.

MBA ou mestrado?

Para responder esta pergunta, cada convidado compartilhou sua experiência. Camila Securato experimentou os dois lados. Formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Camila trabalhou por vários anos como executiva no mercado financeiro, no Deutsche Bank, em Nova York, e no Unibanco na área de Corporate Banking e Crédito. Depois, decidiu voltar sua carreira para a área de educação e hoje é diretora comercial e professora da Saint Paul Escola de Negócios.

Camila possui MBA pela Columbia Business School, nos Estados Unidos, e mestrado em Ciências Contábeis (Finanças Corporativas), pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Camila explicou que fez o MBA, primeiramente, com o objetivo de reforçar a sua carreira profissional. E quando fez o mestrado já tinha a meta de tornar-se professora.

 

 

“Um ponto importante é definir qual o seu o seu objetivo profissional. Se a sua pretensão é continuar a carreira executiva, o MBA ou uma extensão podem ser a melhor opção. Agora se você quer se aprofundar em alguma área do conhecimento e têm pretensões acadêmicas, o mestrado pode ser o melhor”, aconselhou.

 

 

 

 

MBA é mais atraente para carreira executiva

Ao entrevistar um candidato para uma posição executiva, Henrique Bessa sempre coloca a seguinte questão: “qual o seu objetivo profissional?”.  Além de contar pontos em uma entrevista de emprego, ter um norte claro sobre o caminho que deseja seguir é um grande auxílio para a escolha da pós-graduação. “Você tem que pensar no objetivo da sua carreira para os próximos 10 ou 15 anos”, observou o diretor da Michael Page.

Quando se formou em Engenharia pela Universidade de São Paulo, Bessa decidiu que não queria ser um engenheiro técnico, mas seguir uma carreira voltada para a administração e gestão de negócios. Para alcançar esta meta, fez cursos de especialização pela Universidade de Harvard, na Fundação Dom Cabral e na Fundação Getúlio Vargas.

Bessa contou que os cursos foram agregando novos pontos de vista, que o auxiliaram no  redirecionamento da carreira. “Fui procurando faculdades e objetivos que me ajudassem a formar o profissional que eu queria ser no futuro”.

O executivo da Michael Page alertou que os requisitos exigidos podem mudar conforme a maturidade do profissional e a área de atuação em que ele queira atuar. A experiência gerencial brilhará ao lado do conhecimento técnico.

 

 

“Pensando no profissional que deseja seguir uma carreira executiva, em uma multinacional, um MBA com visão gerencial acabará tendo peso maior; será mais atrativo. O mestrado contará pontos, mas não será o principal asset daquele executivo”, explicou Bessa.

 

 

 O CFO Mário Mafra trouxe uma visão diferente para o debate. Ele contou que cursou a faculdade de Economia por 10 anos. Como foi uma época em que deu mais ênfase à vida social do que à acadêmica, acabou sendo jubilado. Foi quando decidiu cursar Ciências Contábeis e dedicar-se realmente à formação acadêmica – nesta época a carreira profissional já ia de vento em popa, Mafra era sênior de auditoria em uma grande empresa.

Cursou um MBA na Fundação Getúlio Vargas, com foco em avaliação de empresas e projetos, e um professor o convidou para dar aulas na instituição. Depois cursou mestrado em administração financeira pela PUC-RJ, que conseguiu concluir em apenas dois anos

“Fui o primeiro aluno a apresentar a tese.” Mafra cultivava ainda o sonho de obter um aprendizado internacional, então decidiu fazer um curso de extensão no Ensead, na França, em gestão estratégica de empresas.

Atualmente, Mafra é CFO da Wheaton Brasil Vidros e professor dos cursos de pós-graduação lato sensu da FGV/RJ, desde 2000. É também vice-presidente de finanças do IBEF SP e participa de conselhos de outras entidades representativas, como o Sesi, o Senai e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. “Eu digo que se eu consegui, todo mundo consegue”.

Mafra utilizou uma metáfora para explicar a diferença entre a pós-graduação lato sensu (MBA) e a pós stricto sensu (mestrado, doutorado).

Imagine que você encheu um balde de água e soltou uma caneta sobre ele. “Se você soltar a caneta na vertical, ela não vai fazer muito movimento na superfície, mas vai afundar. Assim é o mestrado stricto sensu, ele é ideal para quem busca aprofundamento em uma ciência para tornar-se acadêmico, cientista ou professor.”

Se a caneta cair na horizontal, ela fará um grande movimento na água, mas ficará na superfície. “Assim é o lato sensu, ele é ótimo para quem busca conhecimento genérico e muito amplo. Ele vai te dar uma carga de informação muito maior do que a sua capacidade de processar e isto será muito útil em algum momento da sua vida profissional, pois vai ampliar os seus horizontes.”

O CFO aconselhou que o importante é procurar uma pós-graduação não pensando no resultado final, como conseguir um emprego ou uma promoção, e sim procurar o conhecimento pelo valor que ele tem.

 

 

 

“Conhecimento não ocupa espaço; pelo contrário, ele abre espaço. O conhecimento vai abrir portas que você nem sabia que existiam. O futuro começa quando você bate a cabeça na primeira porta e vai puxando um molho de chaves. Você começará a testar essas chaves e elas te abrirão novas portas.” 

 

 

 
Oportunidade de formar primeiro networking

Leonardo Rocha contou que cresceu em uma família muito humilde, e mesmo com todas as dificuldades, sua mãe sempre incentivou os filhos a estudarem. “Desde cedo, comecei a perceber a necessidade de sobreviver. Morava em um subúrbio e além da necessidade da sobrevivência física, havia a necessidade de sobreviver para sair daquele ambiente. A boa educação é um elemento de independência.”

Despertado desde cedo para os estudos, Rocha entrou na faculdade aos 16 anos e formou-se em Engenharia Mecânica pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Trabalhou como analista de sistemas e desenvolveu vários projetos para a área de finanças. Foi assim que decidiu redirecionar a sua carreira para a área financeira.

Ele lembrou que, ainda criança, gostava de dar aulas para os colegas de escola que tinham dificuldades. Este prazer por ensinar o incentivou a fazer o mestrado, não só para adquirir conhecimento técnico, mas também obter a titulação com a perspectiva de tornar-se professor no futuro. Conquistou o título de mestre em administração de empresas com foco em finanças pela PUC-RJ.

 “É fundamental que vocês criem e mantenham desde cedo um excelente networking. O mestrado me ajudou a conhecer pessoas, foi o meu primeiro momento de formação de networking.”

Rocha atuou como executivo financeiro e de RI em grandes organizações, tais como Esso Brasileira de Petróleo, Exxon Química, Coca-Cola, Grupo Telefônica, Grupo Pão de Açúcar, HP Brasil (Diretor de Administração e Finanças), Globex Utilidades S/A e Grupo Camargo Corrêa. Em 2011, decidiu criar a sua própria empresa, uma boutique de investimentos. Hoje oferece assessoria financeira para operações de M&A e em mercado de capitais.

 

 

 

“É impossível para alguém traçar dez ou quinze anos para frente, tudo pode mudar. O meu conselho para vocês é esse: eu prefiro estar sempre pronto e independente para ter a capacidade de escolher o caminho que eu quero seguir.”

 

 

 

Parafraseando o golfista Tiger Woods, que dizia “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”, Leonardo Rocha destacou que o MBA e o mestrado são um treino mental. “Procurem estar sempre treinados para adquirir mais conhecimento e mais networking”.

“Envolvam-se de verdade”

Luciana Medeiros, sócia da PwC, contou que entrou na companhia – uma das maiores empresas de prestação de serviços do mundo – quando estava no terceiro ano da faculdade de administração de empresas. Naquela época, visitou uma feira de estágio e trainee e inscreveu-se para o processo seletivo da companhia. Passou por todas as etapas, foi aprovada e seguiu carreira dentro da companhia.

Quando terminou a faculdade de administração, a organização ofereceu para Luciana a oportunidade para fazer uma segunda graduação, na área em que desejasse, e custeada integralmente pela companhia. A executiva, que já tinha afinidade com a área financeira, optou por Ciências Contábeis. Após concluir a segunda graduação, Luciana recebeu um novo estímulo: a empresa ofereceu um curso de inglês.

Com a evolução da carreira, Luciana saiu da área de auditoria e foi para a área de consultoria, onde começou a trabalhar em um departamento focado em temas relacionados ao CFOs. Novos incentivos surgiram: Luciana fez um MBA em economia para o setor financeiro, na Universidade de São Paulo, e depois um MBA em finanças corporativas, também pela USP, com o apoio da organização.

“Você nunca pode parar de estudar, tem que continuar se aprimorando. Eu já fiz outros cursos, na área de liderança, por exemplo, sempre com esse objetivo. Hoje estou há 20 anos na PwC e tornei-me sócia há três.”

Luciana lembra que foi convidada para fazer um mestrado, mas acabou declinando pela dificuldade que teria para conciliar com a carreira executiva. “O fato de eu não ter feito um mestrado não me limitou de forma nenhuma. E eu não descartaria um profissional só porque ele fez mestrado e não um MBA. A nossa firma oferece, inclusive, bônus para os profissionais que dão aulas.”

Ao selecionar um novo colaborador, Luciana sempre faz perguntas relacionadas à experiência dele com a pós-graduação. O objetivo é mensurar o envolvimento real que ele teve com o curso e os professores.

 

 

 

 

“Se você vai investir em um MBA ou num mestrado, pense que a pessoa que vai te entrevistar no futuro vai querer saber sobre isso. Você tem que aproveitar esta oportunidade e fazer um curso bem-feito. Se não, vai jogar dinheiro e conhecimento no lixo.”

 

 

 

 

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