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O impacto de uma expatriação na carreira

CARREIRA

 

Por Ricardo Rocha, gerente executivo da Michael Page.

 

 

O momento conturbado pela qual a economia brasileira passa tem se mostrado um cenário ideal para executivos que buscam repensar suas carreiras, e neste contexto, a opção de fazer uma carreira internacional passa a ser uma possibilidade real. A busca por novas oportunidades, experiências e culturas também são alguns dos motivos citados frequentemente para essa troca de país.

Quando a crise econômica mundial explodiu em 2008, vivíamos um movimento contrário: os executivos estrangeiros tinham grande interesse em buscar uma posição em companhias com operação no Brasil, naquele momento com a economia fortalecida, com o mercado de trabalho em plena expansão e salários atraentes. Assistimos, por alguns anos, à “invasão dos gringos” no país.

Contudo, diante do arrefecimento da economia puxada pela inflação e desemprego, tem crescido exponencialmente o interesse de profissionais brasileiros em atuar no exterior. De acordo com dados levantados pela Michael Page, 1 em cada 4 executivos entrevistados têm a intenção de adquirir experiências profissionais fora do país.

Mais da metade dos brasileiros expatriados deixaram o país para ocupar uma cadeira de gerência, diretoria ou presidência

Em 2015, 4200 executivos brasileiros foram expatriados. Deste total, 54% foram trabalhar em companhias multinacionais e o restante (46%) em empresas brasileiras com operação internacional. Mais da metade dos brasileiros (53%) deixaram o país para ocupar uma cadeira de gerência, diretoria ou presidência (estes dados constam em material divulgado pela consultoria Global Line).

Vale ressaltar aqui que o modelo de expatriação tem mudado ao longo do tempo: os casos onde o executivo recebe o pacote de expatriação completo (moradia, carro, escola para filhos, etc.) não representam mais o modelo preferencial adotado pelas empresas. Na maioria dos casos, a contratação está sendo feita localmente, ou há um período definido para o retorno do executivo (assignments internacionais), cujo principal objetivo é complementar o conhecimento e visão do profissional em relação à organização ou a um tema específico de vivência/aprendizado.

Além disso, os centros mais almejados (como Europa ou Estados Unidos) são os que possuem menor oferta, e por isso, é importante que o executivo também esteja disposto a avaliar oportunidades em mercados emergentes, como Oriente Médio e China, ou até mesmo em outros países da América Latina. A experiência profissional será igualmente rica, pois nestes casos a tendência é assumir responsabilidades e escopo maiores que no Brasil, devido ao tamanho das operações, mas os custos de adaptação (principalmente familiares) poderão ser maiores.

Lembre-se sempre que uma mudança de país tem implicações em vários aspectos da vida pessoal, e por isso os requerentes devem estudar minuciosamente a cultura, os hábitos e os costumes locais para uma rápida adaptação. Desenhar um plano de carreira e se comprometer a entregar resultados de curto, médio e longo prazo podem fazer a diferença no novo ambiente. O idioma é algo imprescindível, tanto a linguagem técnica da área de atuação quanto a da cultura local.

Por fim, caso seja possível, é importante aproveitar esse tempo fora também para fazer um curso (pós ou MBA) para agregar conhecimento na carreira e qualificar ainda mais o currículo, principalmente para executivos que planejam retornar ao país para consolidar a carreira no futuro, afinal, quanto mais expandir seus horizontes e experiências, maiores serão suas chances no mercado de trabalho.

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