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Economia Criativa

 

Por Sergio Volk, economista e membro do Conselho Fiscal do IBEF SP

 

As expressões “indústrias criativas” e “economia criativa” são relativamente novas. O primeiro livro sobre o assunto – The creative economy – How people make money from ideas, publicado em Londres por John Howkins – data de 2001.

O inicio das discussões a respeito da economia criativa no Brasil foi em 2004, durante o encontro quadrienal da Unctad, em São Paulo, na sessão temática “High Level Panel on Creative Industries and Development”. Ao analisar os desdobramentos desse evento, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, fez uma defesa entusiasmada da diversidade brasileira como base da criatividade no país:

Estamos conscientes de que a maior garantia das vantagens mútuas que
possamos ter advém da natureza da matéria-prima que está em jogo: a
criatividade das pessoas, comunidades e povos do mundo, a essência do
nosso patrimônio imaterial, expressando-se a partir do precioso lastro da
nossa diversidade cultural.

Como resultado visível das ações seguintes, foi organizado em 2005, sob a liderança do embaixador Rubens Ricupero (então secretário-geral da Unctad) e do ministro Gil, o Fórum Internacional de Indústrias Criativas, em Salvador. Durante o evento, o ministro confirmou a proposta de criação do Centro Internacional das Indústrias Criativas, cuja missão seria constituir um banco de conhecimento e espaço para as atividades e programas sobre o assunto.

As indústrias criativas foram conceituadas pelo British Council (Mapping the Creative Industries: The UK Context – London, 2005) como indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e que têm um potencial para geração de empregos e riquezas por meio da geração e exploração da propriedade intelectual. Isso inclui propaganda, arquitetura, o mercado de artes e antiguidades, artesanatos, design, design de moda, filme e vídeo, software de lazer interativo, música, artes cênicas, publicações, software e jogos de computador, televisão e rádio.

Existem “setores” no campo cultural brasileiro que merecem ser tratados como industria criativa, apesar de não terem propriedade intelectual. São fruto de uma criação coletiva – portanto não-autoral -, que são as festas populares (carnaval, festas juninas, etc…). Tais setores devem ser tratados como patrimônio cultural (quadro 1).

Quadro 1

Na década atual, a indústria criativa, está dando uma nova forma ao padrão geral de consumo cultural em todo o mundo e à maneira como os produtos e serviços criativos e culturais são criados, produzidos, reproduzidos, distribuídos e comercializados em nível nacional e internacional. Nesse ambiente mutante, uma característica proeminente do século 21 é o crescente reconhecimento de que a criatividade e o talento humano, mais do que os fatores de produção tradicionais – como trabalho e capital -, estão se tornando rapidamente um poderoso instrumento para fomentar ganhos de desenvolvimento.

Esse fato esta demonstrado nos dois números estimados pelo Banco Mundial; os 7% que já representam o peso da economia criativa e das indústrias criativas na formação do PIB mundial, e os 10% de taxa média de crescimento prevista para o setor nos próximos dez anos.

Isto posto, a economia criativa pode ser uma opção extremamente viável para promover o desenvolvimento humano por meio do crescimento socioeconômico, cultural e educacional.

Como exemplo, podemos citar a SPFW (São Paulo Fashion Week) que gera cinco mil empregos diretos e indiretos e cerca de R$ 500 milhões de anúncios em mídia. A cadeia de criação de valores cobre de desenvolvimento e pesquisa de novos tecidos a desfiles, passando pelas costureiras da periferia, pelos cursos de moda e pelo comércio de diferentes portes – inclusive as sacoleiras que se abastecem em São Paulo para revender nas pequenas cidades brasileiras. Em termos mundiais, o Brasil exporta 1 kg de algodão por U$S 1 e 1 kg de moda por U$S 80.

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