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Ciclo decisivo de expansão

 

 

 

 

 

Marcello Guidotti é diretor executivo de finanças e relações com investidores do Grupo EcoRodovias e associado do IBEF SP.

 

 

 

Estudo da Inter. B Consultoria, divulgado recentemente pelos principais jornais, prevê investimentos da ordem de cerca de R$ 716 bilhões na infraestrutura brasileira até 2018, sendo que, já no ano que vem, diversas oportunidades de novos negócios devem ser apresentadas, especialmente para parcerias com a iniciativa privada.

No setor de concessões rodoviárias, por exemplo, podemos citar estudos federais, em fase de elaboração, via MIP (Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada) dos 976 quilômetros das BRs 163 e 230, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA); os 703 quilômetros da BRs 364 e 060 entre Rondonópolis (MT) e Goiânia (GO); os 439 quilômetros da BR-364 entre Jataí (GO) e o entroncamento com a BR-153 (MG) e os 493 quilômetros das BRs 476,153 e 282 entre Lapa (PR), Chapecó (SC) e a divisa entre Paraná e Santa Catarina.

Além disso, possibilidades de concessões rodoviárias estaduais em diversas regiões e de novas parcerias público-privadas também estão sendo apresentadas.

No setor portuário, com a abertura de novas licitações, haverá possibilidade de investimentos no maior porto do país, em Santos (SP), e em terminais no Pará. No total, segundo informações da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o Programa de Arrendamentos Portuários inclui a licitação de 159 áreas dentro dos portos organizados. Além disso, após a promulgação da Lei dos Portos nº 12.815, em junho do ano passado, as oportunidades de investimentos em Terminais Privativos continuam altas.

No setor de aeroportos, o governo federal também já manifestou que pretende contar com a iniciativa privada para o desenvolvimento dos mesmos. Não só dos aeroportos nacionais, cujas principais licitações ocorreram recentemente Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas-SP) e Confins (MG), mas também para os regionais, cujo plano prevê a construção ou ampliação de 270 aeródromos. Alguns exemplos de regiões que seriam beneficiadas são Angra dos Reis (RJ), Resende (RJ), Marília (SP) e Guarujá (SP).

Outras propostas que podem sair do papel no ano que vem são a expansão da malha ferroviária, ligando a produção agrícola e mineral aos portos, sendo a primeira delas a linha férrea entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO) e a expansão de plataformas logísticas e de ativos de mobilidade urbana, como as dos metrôs de Recife e Fortaleza.

Outro ponto importante a ser lembrado é que há grandes eventos por vir, como as Olimpíadas e Paraolimpíadas, a serem realizadas no Rio de Janeiro, em 2016.

Ou seja, oportunidades para o desenvolvimento da infraestrutura em diversas localidades do país não faltam. Portanto, podemos vislumbrar que os caminhos que se desenham para o setor nos próximos anos são positivos.

Além disso, todos esses investimentos são essenciais para criar centenas de empregos diretos e indiretos, oportunidades de outros negócios, aumentar a competitividade e melhorar as condições de vida da sociedade.

Atualmente, o Brasil já é a sétima maior economia do mundo, mas estudos mostram que o país pode chegar à quarta posição do ranking mundial nos próximos anos. O país conta ainda com o oitavo maior mercado consumidor, que também está em expansão.

Apesar de todas essas boas perspectivas, é preciso frisar que, para que os caminhos se ampliem, e as inúmeras possibilidades citadas não sejam desperdiçadas, algumas medidas são extremamente importantes. Os investimentos em infraestrutura são de altíssimo risco e possuem retornos de longo prazo.

É imprescindível que o Marco Regulatório se consolide sempre mais e que incorpore as tendências e as inovações que foram bem sucedidas em outros países do mundo.

As propostas e os modelos de negócio, além de inovadores, precisam ser muito bem desenhados para garantir a atratividade da Iniciativa privada, oferecendo o retorno justo e também o interesse dos financiadores internacionais.

O capital estrangeiro torna-se neste momento uma fonte fundamental para que a equação financeira faça sentido para o país e o ciclo de investimentos na infraestrutura se torne sustentável.

Junto aos recursos privados, os bancos de fomentos públicos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), além de Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, terão que continuar a exercer um papel importante de apoio, oferecendo condições atrativas de financiamento, para que os projetos mais complexos e de alto risco possam se tornar viáveis.

Com isso posto, é possível afirmar que o setor de infraestrutura – seja rodoviário, portuário, ferroviário, aeroportuário ou de mobilidade urbana – terá um ciclo decisivo de expansão.

 

*Italiano com formação acadêmica em Economia pela Universitá degli Studi di Bologna, na Itália, e MBA Executivo pelo Insper. Guidotti trabalhou na área de administração e finanças em vários projetos de infraestrutura e concessões em países da América Latina. Em 2002, tornou-se diretor administrativo e financeiro e de relações com investidores da Empresa Concessionária de Rodovias do Sul – Ecosul S.A.. Desde 2005, é diretor de finanças da EcoRodovias.

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