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2015, mais uma vez, o ano do CFO

Luis Felipe Schiriak é CFO da Eurofarma Laboratórios S.A.

No final do ano passado, participei do costumeiro e empolgante almoço em que são apresentados os candidatos ao Prêmio CFO do Ano. Falo “empolgante” porque é motivador observar que os anos passam e o nível dos candidatos continua a ser extraordinário, crescendo com a complexidade das necessidades das empresas.

Penso que a bela estátua do troféu “O Equilibrista”, feita pelo brilhante artista Osni Branco, na década de 1990, reflete a dificuldade dos profissionais daquela época, um enorme “mono desafio”: ficar em pé sobre uma corda (ou moeda) que era a inflação.

Hoje, talvez a figura que melhor represente os desafios dos CFOs é a do equilibrista chinês, aquele que energiza pratos: algumas peças giram perfeitamente e quando outras estão a ponto de cair, ele corre para energizá-las. Logo que ele reequilibra um prato, outro ameaça cair e lá vai ele, apressado, a energizar este sem perder a visão dos outros.

Voltando ao almoço, cada candidato contou a sua historia e os enormes desafios enfrentados ao longo de suas carreiras: grandes restruturações, renegociações de dívidas que salvaram empresas da quase falência, fusões que resultaram em reduções de estrutura, etc. Lá estávamos nós, boquiabertos, ouvindo a maestria dos colegas.

 Talvez a figura que melhor represente os desafios dos CFOs é a do equilibrista chinês

Naquele momento, a minha reflexão foi a seguinte: se esta fosse a escolha do arquiteto do ano, estaríamos olhando para maquetes de prédios maravilhosos; se fosse o engenheiro do ano, talvez para alguma obra fabulosa, etc. Porém, todos nós sentados ao redor daquela mesa estávamos admirando colegas que tinham se destacado porque desempenharam seu papel com brilhantismo, em situações de altíssimo stress, assegurando (por que não?) a sobrevivência das organizações. A minha conclusão empírica foi: isto aqui é a natureza da nossa profissão.

Infelizmente, acredito que 2015 será cenário para muitos exemplos similares. Não preciso me estender sobre os desafios que a economia brasileira e a nossa região, como um todo, enfrentarão; quem tem – como o IBEF SP – o Octavio de Barros no time, pode se dar esse privilégio. Mas enfrentaremos um enorme desafio: ambiente recessivo, incremento de custos via taxa de câmbio e tarifas públicas, dissídios agressivos, restrições ao crédito, pressão tributária… Tudo isso num ambiente de queda dos preços internacionais das commodities.

Em suma: o CFO, novamente, terá um papel de relevância em 2015. E será no que os norte-americanos chamam de back to basics: redução de custos, adequação de estruturas, foco somente naquelas atividades que geram valor, maximização do retorno sobre os investimentos e, principalmente, preservar o valor a nós confiado pelos acionistas; tudo isso motivando as nossas equipes.  Acredito que será um ano para uma rápida mudança de marcha.

Enfim, nada que, especialmente nós, os mais experientes, não tenhamos visto no passado. Porém, o equilibrista chinês terá vários pratos que precisarão ser energizados ao mesmo tempo e terá que correr muito mais para que nenhum deles caia e quebre.

2015 será um ano para uma rápida mudança de marcha.

No caso da indústria farmacêutica, setor em que eu atuo, as preocupações são várias. Os princípios ativos, necessários para a fabricação dos medicamentos, são em sua quase totalidade importados, sendo que os preços de venda dos produtos acabados têm uma elasticidade limitada, já que são regulamentados. Será extremamente importante ter implementado um mecanismo de trava cambial para as importações, já que a as receitas são quase totalmente em reais.

Outro fator de risco importante é o preço da energia elétrica, que aparentemente continuará numa espiral ascendente. É recomendável a contratação de fornecimento a preço fixo por períodos estendidos. No nosso caso, tivemos bastante sucesso na participação de leilões de fornecimento por períodos de até quatro anos.

Investimos intensivamente em tecnologia nos últimos anos, especialmente considerando o processo de internacionalização da empresa. 2015 será um ano para assegurar que teremos o devido retorno sobre estes valores.

Tenho certeza que no almoço de apresentação dos candidatos ao Prêmio “O Equilibrista” 2015 teremos histórias interessantíssimas. Não vou perder!

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